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Mostrando postagens de outubro, 2022

Cinzas

Com aquele dia cheio de sol, cheio de tanta quentura, ela só via cinzas. Passara a maior parte do dia fora, sem beber água, sem comer, e sem vontade de comer até. Talvez fosse o corpo pressentindo algum acontecimento ruim e não, não era nada poético. Era algo doloroso. Era dor. Há dias aquela ansiedade se tornava latente em seu peito, como algo insuportável que até mesmo os calmantes não resolviam. A camomila não funciona para aquele corpo tão forte, tão volúpio, tão surrado. Mas ninguém precisa saber, afinal, são tantas pessoas que se passam dentro de um mesmo ônibus durante um dia, umas com máscara e outras sem. E lá estava ela usando uma, talvez para esconder o rosto vermelho do choro que despertou no caminho pra casa.  Ela queria um lar, que talvez não fosse sua casa, que não fosse algo concreto. Sua companheira não gostava de abraçar, sua forma de dar carinho era diferente da que ela precisava naquele momento e então, ela cedeu. Ela misturou gritos com lágrimas e fumaça. Quem ...