Eu sinto muito
Sinto-me como se estivesse no fim de um ciclo.
Sinto-me num pulsar que não tenho mais controle e que nenhum dos meus calmantes pode dominar.
Sinto que nenhuma palavra minha pode explicar o que estou sentindo, mas sinto que tive uma chance de viver dias memoráveis e que como toda fase, um dia eles cessam.
Sinto-me incapaz de segurar minhas próprias lágrimas e o sentimento de vazio aos poucos se torna cada vez mais presente. Será que eu tô tendo um súbito declive no meu autocontrole? Talvez essa seja uma pergunta que eu não saiba responder no momento, entretanto eu sinto.
Sinto como se qualquer sentimento que eu tivesse sentido antes fossem superados pelo que vivi durante os últimos 2 meses e muitas vezes, o que eu consigo sentir é a dor da dúvida. A dor de que o amanhã não exista mais como o hoje existiu. Quem nunca sentiu isso?
Sinto-me como se um sonho tivesse se apagando, um sonho que durou uma noite em meio as tantas outras que só pesadelos se faziam presentes nas minhas noites.
A sensação de que não se pode escolher o bem-estar que se quer viver é de frustração.
Sinto um aperto no meu peito que talvez eu nunca consiga demonstrar em palavras e como sou uma pessoa insistente, eu tento escrever aqui.
Sinto que um dia esse lugar vai ser esquecido e que algumas postagens serão meras lembranças de uma vida que já tive e que daqui a alguns anos pode nem existir mais.
Eu gostaria de poder escolher o que viver no dia seguinte, gostaria inclusive de viver, mas me sinto tão a flor da pele agora, que o que eu mais queria era poder dormir e acordar depois de todos esses dias lotados de precauções passassem.
Sinto minha boca ressecando cada vez mais, como se um beijo ou dois nunca pudesse curar essa ansiedade que se espelha de forma estranha no meu físico. Acho que depois de tanto tempo (ou pouco, para algumas pessoas) eu vou conseguir emagrecer novamente, seja por cumprir dieta ou por sentir demais. Ter sentimentos demais sempre me ocasionou consequências que eu não consigo medir.
Hoje eu acordei como se meu coração quisesse comandar tudo e agora ele manda que meus olhos transbordem sem cessar uma água salgada feito mar, infindável por dentro e limitada por fora.
O corpo chora por dentro, o que está fora pouco demonstra. É triste não poder conseguir dizer tudo o que se quer pessoalmente, sobre as dores e os amores. Talvez seja essa a dor do luto, um luto pessoal e que nem todos conseguem visualizar na nossa face.
Sinto que minha garganta ora não vai suportar as emoções que tenho dentro de mim. Na geladeira eu tenho uma gelatina que planejei comer o fim de semana inteiro e uns chocolates no congelador que não consigo me imaginar comendo.
Eu sinto o fastio, sinto a sonolência, a dor no abdômen, sem saber exatamente se é no estômago ou no intestino. Gostaria de esquecer que sinto tanto, pra não ter que dizer o quanto sinto ou tentar dizer e falhar miseravelmente.
Sinto meu peito encher e esvaziar de ar e isso não contribui para a dor passar. Não queria ser tão dependente de remédios, de um tratamento, de lembranças de momentos felizes para compensar um momento de melancolia.
Pensei que em algum momento da vida eu fosse ter pequenas doses de felicidade que pudessem prevenir momentos inesperados de melancolia. Foi um grande engano.
Eu sinto muito, por tudo e não sei quando isso vai parar.
Assinado, Joice.
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