Esse texto não tem título. 
Talvez seja o texto mais esquisito que eu já escrevi um dia. Mas tudo isso tem um motivo: Dor.
Ser/Ter borderline nunca foi uma escolha. Quando recebi o diagnóstico, achei que as coisas seriam mais fáceis dali pra frente. Sinto que quando encontrei um remédio que funcionou comigo, que amenizou minhas tristezas, eu vi uma luz no fim do túnel. Mas hoje eu me vejo no escuro. Totalmente.
Estou escrevendo aqui porque tentei no papel, mas minhas mãos não deixam. Ultimamente tenho tido tremores constantes, e meu psiquiatra disse que podem ser episódios de ansiedade (constantes, diga-se de passagem). Tenho andado sempre à flor da pele, como se tivesse muitos sentimentos acumulados, e se confundindo, brigando dentro de mim e na minha cabeça. Como dizia Chester, minha cabeça não é o melhor lugar para eu morar. Essa frase fica se repetindo o tempo todo na minha cabeça.
Chegou a um ponto de eu tentar fazer até o que era ruim pra mim, tentando fazer a dor passar. Eu não sei exatamente de onde vem essa dor, mas sei que ela é sentida no meu peito esquerdo. As vezes eu queria muito que fosse algo cardíaco mesmo, pra ter certeza de que ela existe, que ela tem um motivo, que tem algo que possa sanar ela, ou que isso determine um tempo de vida pra mim. Mas não é.
São meus sentimentos, os meus maiores vilões.
Eu não lembro quantas foram as vezes, mas foram incontáveis, quando eu achei que poderia dar um jeito na minha vida ao me esconder, me isolar, implodir tudo dentro de mim sozinha no meu quarto ou tomando meus calmantes e sedativos pra dormir. Mas no dia seguinte, a ressaca moral estava lá, pra me lembrar que a dor ainda existe e eu, idiota, estrago minha vida mais uma vez tentando sanar uma dor que eu nem sei de onde vem, as vezes machucando outras pessoas, ou me distanciando delas.
Não aguento mais. Agora a pouco encima da cama, sem conseguir dormir, ouvi trovões. Ouço a chuva caindo e peço a Deus que tenha piedade de mim, que me faça parar de viver porque não aguento mais essa dor. Não aguento mais tomar decisões erradas tentando fazer com que eu me sinta em paz e não consigo. Parece até que minha vida não tá sob o meu controle e isso me deixa vulnerável demais.
Eu não queria que as pessoas soubessem desse meu lado, mas hoje eu sinto que preciso dizer, que quero sumir, que quero morrer, que não aguento mais essa vida que to levando, onde estou levando, nas circunstâncias que estou vivendo. Não suporto ver as pessoas mal por minha causa, mas também não suporto mais a sensação de estar doendo o tempo todo, sem entender como posso cessar essa dor. Um vazio, misturado com dor, misturado com arrependimento, misturado com culpa, misturado com meus pedidos de clemência...
Fico pensando em quais hipóteses eu poderia escapar de tanta dor. O corpo já está doendo também, cansado. O peito pesa e as vezes sinto que está faltando o ar. A vida, ela não faz sentido agora e saber que mais tarde eu vou ter que acordar pra fingir que está tudo bem, que eu estou vivendo enquanto só existo, aumenta a dor. Eu só queria dormir e acordar percebendo que tudo foi um pesadelo, que eu vou ter quem abraçar ao levantar da cama e chorar no ombro de alguém que me escute, que não tenha pena de mim mas uma escuta ativa, e presença. Mas eu me vejo sozinha, vendo que isso tudo é real, a dor é real, as escolhas não foram certas e talvez não tenha mais como voltar atrás. 
Eu fracassei, e muito mais comigo do que com outras pessoas. Eu tô cansada, mas descobri que tô cansada de mim. Mas acho que descobri tarde demais. Eu só queria não acordar mais.

Assinado, Joice.

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