Nunca (ou nem sempre) sabemos

Já é maio. Estranho como o tempo passou rápido nos últimos meses. Ontem fez 1 mês da minha formatura (que foi virtual) mas eu tava lá com meus colegas, todo mundo bem vestido pra aparecer no facebook da Uece. Dessa forma eu pude proporcionar a presença da minha família na minha formatura e até alguns amigos viram. Todo mundo saiu feliz nessa história. Ou quase todo mundo...
Quando se encerra a cadeira acadêmica em um curso de graduação, dependendo do curso que você faz, o futuro é incerto e quando se trata do país ser o Brasil, em meio a uma pandemia superativa e com vítimas fatais todos os dias, o índice de morte aumentando e vacina que é bom não tem pra todo mundo, o aperto no coração se estende até o ânus. E comigo não poderia ser diferente.
Desde que eu passei no TCC, eu me dei uma folga e no começo de março coloquei uma meta diária de mandar currículos pras vagas que se encaixassem no meu perfil de formação. Acabou que eu mandava até pra vagas de estágio, sendo que eu tava prestes a me formar. mas nunca sabemos quando vamos conseguir, onde vamos parar. Quando temos algum propósito na vida, nós apenas vamos; a gente se benze, fala com Deus, reza, ora, implora ou simplesmente faz seu papel caladinho, manda seus currículos e insiste, esperando que uma hora apareça algo.
Comigo foi assim, e eu nem esperava.
Fui contratada temporariamente pra trabalhar no na Plataforma SAS de Ensino como assessora de atendimento. Eu acho esse nome tão chique que falo só que atendo escolas, lido com atendimento ao cliente e os clientes do SAS são escolas! Desde o começo do processo de entrevistas até entrar devidamente usando material da empresa foi uma viagem cheia de incertezas, se ia dar certo ou não, ou se eu aceitaria ou não, afinal eu sou geógrafa e queria mesmo era um emprego que casasse com minha formação, pra que eu me expanda no campo geográfico. Mas nós nunca sabemos ou nem sempre sabemos o que vai acontecer, até aparecer, até acontecer. Dia 5 já faz 1 mês que eu tô no SAS, conhecendo pessoas novas, convivendo em um ambiente online e tentando atender a demanda das escolas que tão no corre pra continuar exercendo seu papel na educação mesmo a maioria estando em ensino remoto. Esse meu ingresso no SAS mexeu comigo, com minhas perspectivas de vida, com meus planos, com o que eu faria depois de enfim me formar.
Eu cheguei a ficar triste por não ser algo da minha área, mas conversando com a Sibele (minha psi) eu vi o quanto tive sorte em conseguir passar nessas etapas de entrevista e enfim ser contratada, mesmo que temporariamente. Muita gente tá numa situação feia de desemprego no país, a ponto de muitos de nós não ter chance de escolha no campo de trabalho. Aceitar o que vier tem sido a única opção pra muitos, pra quem não tem chance nenhuma é uma mão na roda!  E daí eu pensei que nunca (ou nem sempre) sabemos o que acontece com o outro.
Não sabemos nem o que vai acontecer com a gente, quem dirá com os outros.
Nunca sabemos quando a vida vai nos impressionar, mudando tudo de lugar, fazendo a gente pensar de uma forma diferente, nos mostrando como as pessoas realmente são, quem é de verdade ou não. Nunca sabemos quando vai ser o próximo a mudar de atitudes, quando um vai deixar de amar o outro, quando um vai chatear o outro, quando vai ser dito o último "eu te amo". Nunca sabemos. À medida que os gráficos de morte vão oscilando, nossa vida também vai oscilando junto, é como se fosse um jogo de dominó, onde você derruba o que tá em pé e ele acaba derrubando os demais que estão à frente. Acabamos sempre pegos de surpresa... Alguns nem são pegos de surpresa porque se planejam até pro pior, porque enfim nada é tão ruim que não possa piorar (queria que fosse mentira mas é assim que acontece) e lá vamos nós pro plano B, plano C e enfim, temos o alfabeto todo não é?!
Em resumo, o que eu tenho pensado ultimamente é que até aqui tenho sobrevivido, apesar de tudo que me desmotiva, da solidão mesmo que acompanhada, das inseguranças que o Borderline me traz, das postagens lindinhas de um monte de gente do instagram me fazendo achar que minha vida tá uma merda... Apesar de tudo, do amor estar em stand by e eu não entender o porquê, de eu sentir que tô bem com meu corpo e depois de 10min me sentir mal, de ver que eu preciso de cuidados e só eu poder cuidar de mim, tem coisa que ainda vale a pena tentar: ser pra você mesma. Ser paciente, ser bondosa, se cuidar, se valorizar, lavar bem seu cabelo, escrever e perceber o quanto sua letra tem sua cara, como ela fala de você, tomar um bom banho depois de suar limpando a casa, terminar mais um dia de trabalho e só se jogar no sofá. 
Mesmo que nunca saibamos o que vai acontecer amanhã, acho que o que vale a pena é tentar ser melhor, seja com você ou com seu próximo. Tentar conversar, tentar ouvir uma música nova, ler, fazer algo que você não faz há meses ou anos, agradecer por estar vivo. Afinal, nunca sabemos até quando isso vai durar, até quando nós vamos durar. Até esse dia chegar, a gente tem que viver os melhores momentos possíveis, dar a oportunidade que eles existam, pra ter boas lembranças de que sim, nós sempre soubemos que ser feliz pode ser simples e muitas vezes nos poupamos disso por besteira.

Assinado,
Joice.

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