Pesar.

Quando abri essa página, pensei em colocar o título de "saudade", mas por coincidência, a última postagem tem o mesmo nome, então até o final do que eu escrever, talvez consiga algo diferente.
Tudo indica que essa semana vou sair do Clube dos 27 e eu não sei se tô preparada. Me sinto como se tivesse beirando os 18 anos de novo, achando que nos 45min do 2º tempo eu não ia mais viver. Mas acabei vivendo e consequentemente me bateu desespero. Desespero porque eu não sabia que rumo tomar na vida, eu não tinha planos pois não achava que fosse ultrapassar àquela idade e porque me sentia só, mas não de forma ruim, de uma forma costumeiramente solitária, com meus sentimentos, emoções e pensamentos que talvez nunca fossem sair da minha cabeça.
Hoje eu tô beirando os 28 anos e dessa vez eu tinha planos, tinha mais planos que a 10 anos atrás e infelizmente alguns nem saíram do papel. Em alguns momentos, penso que se concretizaram mais problemas do que planos, alguns praticamente fugiram do meu controle e sinceramente, não sei muito bem como proceder. Nesse momento me encontro há mais de 1 mês sem terapia e meu coração anda perdido, vagando por uma órbita que eu não conheço, juntamente com minha cabeça, com meu emocional também. Em alguns meses muitas coisas boas aconteceram, de uma vez só, rapidinho e tudo foi como uma injeção de ânimo: emprego novo, novas oportunidades, novos colegas de trabalho, um chefe maravilhoso e que não é só chefe, é colega de trabalho também. Sinto que ganhei uma nova família, mas ao mesmo tempo sinto que muitas coisas saíram dos eixos. Começando pela minha rotina, não não, pelo tempo que vivo fora do trabalho (ou se vivo fora do trabalho). Parece que meu corpo ainda  tá se adaptando, minhas energias saíram um pouco de sincronia porém é algo normal, afinal eu buscava emprego há tempos e nessa procura eu ficava em casa, não saía feito barata tonta na rua. Vieram também decepções por não sentir firmeza de escrever o tal artigo da monografia, que já deveria ter sido feito, enviado à uma revista para análise, mas eu não fiz e isso impactou na decisão de não tentar uma vaga de mestrado. Meu professor disse que sem um lattes bem preenchido (em resumo: recheado de publicações e feitos e afins) eu não teria chance de conseguir uma vaga; falou que não tava em momento algum querendo me desestimular mas sim ser realista porque a cada seleção que passa, os candidatos estão indo cada vez mais "preparados" e se eu já tava meio insegura, fiquei completamente. Resultado: Tentativa de mestrado adiada.
Quando eu vim morar aqui em Fortaleza, comecei a ouvir um ditado do tipo "as vezes você tem que dar um passo pra frente e dois pra trás, pras coisas andarem lá na frente". É difícil quando se é uma pessoa que costuma planejar tudo e principalmente planejar pra dar certo. O que eu penso hoje em dia são se as coisas vão melhorar, se eu vou conseguir dar conta do lugar maravilhoso que conquistei pra trabalhar, onde faço o que gosto e aprendo coisas que só aumentam meu gosto por trabalhar lá. Essa semana a Ártemis (minha dog) fez aniversário, 1 aninho e eu me senti muito feliz e ao mesmo tempo triste, porque eu sinto que ela me dá momentos de conforto que seres humanos talvez não sejam capazes de me dar e ao mesmo tempo por não ser uma dona suficientemente boa pra ela, a ponto de ser agressiva quando ela incomoda repetidas vezes ou faz algo errado. Fico me sentindo o pior ser humano do mundo. E assim também me sinto dentro do meu relacionamento, quando deixo meu namorado chateado comigo ou com raiva. 
Os últimos dias não tem sido fáceis, com mais um aniversário chegando eu lembro das vezes que eu fui feliz e não sabia, das pessoas que me fizeram feliz e não estão mais por perto, em especial as que eu mesma distanciei. E me sinto um lixo. Talvez se eu não tivesse sido um lixo em tempo X, elas estariam aqui comigo, eu não tinha que ter sofrido o que sofri, nem estar me sentindo saturada a ponto de falar pro meu namorado que ele pode ir embora na hora que quiser ir porque eu tô cansada de tentar as vezes, mesmo que ele não me dê motivos pra desistir. Me vejo cansada, de muita coisa. Cansada de viver, de sonhar, de tentar me manter em equilíbrio (mesmo sabendo que eu consigo hoje em dia, enfim). Cansada de insistir com a Ártemis, de pensar em escrever e não conseguir. Hoje mesmo eu já tive vontade de escrever umas 4x mas não tive forças, eu não consegui ter forças pra pegar ao menos no celular e digitar algo. Pensei "vou gravar minha voz", mas hoje já chorei umas 4x sem algum motivo específico, então com certeza se começasse a gravar falando alguma coisa eu ia começar a chorar, assim como eu já tava chorando quando comecei a escrever isso (e antes mesmo de pensar em escrever isso).
Amanhã minha mãe chega e sinto como se fosse um filme de terror estilo IT dos anos 1900 e bolinha. Foi esse filme do IT que me assustou, que me causou um impacto meio que tenebroso e é assim que me sinto quando minha mãe vem pra cá. Parece que tudo desanda. Tenho até medo de falar porque podem me interpretar mal, mas em resumo é isso: ela não me faz bem psicologicamente.
Meu namorado tá com raiva de mim agora, eu tô triste, minha mãe vem amanhã e a bolsopata da minha irmã também vem junto. Era pra ser uma semana feliz, eu queria que fosse como o meu aniversário ano passado, mas não vai ser. Não vai ser nada como ano passado, vai ser doloroso e eu só queria sumir. Só queria não ter que fazer aniversário, nem viver essa semana que minha mãe vai passar aqui. Eu não queria ser motivo de raiva pro meu namorado, nem de medo da minha cachorra, nem ter medo de ficar doente e faltar o trabalho por ter receio de ser despejada por estar doente. Aliás, se eu ficar doente, isso implica em eu ficar em casa e minha mãe vai tá aqui, eu me vejo no dever de não adoecer pra não ficar mais doente no ambiente desarmonizado que vai estar.
Eu só queria não existir agora.

Assinado, Joice.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eu lamento

Isolamento

Eu vivo