À luz do abajur

Já é um novo dia e à luz do abajur, decido escrever para você. Por que? Talvez porque você nunca leia isso, nem se identifique, mas é pra você, gatinho de olhos verdes...
Os pensamentos que se passam em minha mente tão movimentada sentem sua presença já tem algum tempo. E tudo bem, porque é algo confortável. Você está nos meus pensamentos, nas músicas que ouço, nas músicas que já toquei, nas saídas que já tive, na minha insistência em seguir a vida e assim, me fazendo cruzar com você em alguma das esquinas da vida.
Muito genérico falar isso, não é? Mas não posso mandar uma mensagem com tal descaramento, sendo que eu mal tenho presença na sua vida (será que eu já tive um dia?). Se algum dia me perguntarem sobre alguém que eu conheça que eu ache que valha a pena ter dedicação e afeto, eu vou lembrar de você. Sempre imaginei seus abraços presentes em mais dias na semana, sentir suas mãos independente de qual parte do meu corpo elas tocassem, olhar fundo nos seus olhos ao mesmo tempo em que você me olhasse também. E estar com você, somente. Não precisaria de uma trilha sonora ou um pôr-do-sol, ou qualquer lugar que pudesse ser chamado de "lugar perfeito" para o momento perfeito. Nada é perfeito, e se tivesse, a gente já teria se encontrado para eu te falar tudo isso pessoalmente. Nada perfeito. Eu fecho meus olhos, lembro de quando o conheci, lembro da primeira vez que ouvi falar de você, da primeira vez que o vi, das companhias, das pessoas em comum, de lugares em comum, de gostos em comum, de amores em comum. O que mais em comum nós temos? Talvez não seja algo tão relevante no momento, mas que é nossa realidade: solidão. Solidão ou solitude, carreira solo. Viver em solo.
Eu paro um pouco e penso, penso sobre como a vida pode ser plena para uns e cansativa para outros, a ponto de tirar nossas esperanças, ou os resquícios da que um dia existiu. Eu tomei consciência que aparentemente sei tanto sobre você e você pouco deve saber sobre mim, será que devo levar isso como um sinal? Se eu pudesse ter a oportunidade de te dizer que eu atirei em um lugar e acertei em outro e como isso me custou caro, eu diria. Talvez você risse de olhos fechados com aquele sorriso largo que só você tem e logo após isso, um hiato se instalaria entre nós, porque a vida em si muitas vezes é um hiato, onde nós não sabemos o que fazer quando o que estava planejado não acontece e logo em seguida, uma nova história começa, se nós não começamos antes. Mas se nossa história aqui nesse plano é composta de pequenos fragmentos de outras histórias, momentos, você é um que eu não consegui esquecer ainda e talvez nem esqueça. Escritores sentem muito, ouvem muito, pensam muito e as vezes escrevem tão pouco do que acontece dentro e fora de si, então, aceite que o que eu pouco escrevo aqui é uma parte do que eu sinto por você.
Mesmo que nós não nos encontremos nos próximos meses, ou passemos tanto tempo sem nos encontrar, sei que um dia sempre acabamos nos encontrando e esse momento se resume a um abraço. Um abraço que antes nem existia, e depois de uns meses aconteceu. A pele sente bem mais do que os milésimos de segundo de atrito entre outra pele, entre outra pessoa, entre outra alma...
Eu ainda não entendo bem como você pode parecer tanto com seus animais. Dizem que os animais de estimação costumam se parecer com o dono, mas quando o conheci, achei o contrário, que você é parecido com seus animais. Fosse beleza, comportamento ou personalidade, e isso pra mim é fofo, tão fofo que dá vontade de te apertar um pouco mais sempre que penso em você, ou quando vejo uma foto sua. É gaiato do jeito que aprecio alguém, na medida certa, uma jóia rara, a pessoa que eu gostaria de ter parceria para transformar minhas inspirações em música e tomar uma cerveja junto. Ou um suco.
Mas algo tinha que ser: tinha de ser com você. É você a pessoa, é o seu som, o tom da sua voz. A sua paciência, a falta dela, a sua ausência e também sua presença, é o seu pessoal que acontece no final do dia, o seu cansaço, o seu olhar fixado acima da sua cama enquanto você tenta dormir e seu acordar um tanto cansado para pegar o ônibus para mais um dia de trabalho. Lotado de trabalho, de música, de arte, de trânsito, de pessoas falando, mandando mensagens, desistindo de falar com você, insistindo para falar com você. Porque é você, somente você.
Para quem achava que não conseguiria falar tanto, eu falei até muito. O sono me falta, gatinho, espero que seus olhos estejam à essa altura descansando para começar mais uma semana. Amanhã é feriado, espero que você descanse de verdade, cuide dos seus pets, ouça alguma de suas bandas preferidas e que a luz de um abajur só fique para mim. Eu me ausentei da internet mas a vida continua do outro lado, do lado de todas as pessoas. A vida continua, a vida não pára, e por não parar é que eu sei que em breve, nós vamos nos encontrar de novo. Um beijo.

Assinado, Joice.




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