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Mostrando postagens de julho, 2024

Sobre a morte

Quando chegamos à vida, a um plano terrestre, raramente sabemos o que viemos fazer aqui. Eu mesma lembro que quando era criança caminhava pelos batentes do mercado central da minha cidade natal e pensava "de onde eu vim?" ou "o que eu vim fazer aqui?". Mas por ter pouca idade e ter poucos recursos para uma pesquisa mais aprofundada, eu não tinha resposta nenhuma e o que me restou foi o óbvio: viver. Com o passar dos anos, eu via certas coisas acontecendo, sentimentos surgindo, algumas indagações estranhas na minha cabeça e uma dificuldade de expressar os vários sentimentos que eu sentia, principalmente os negativos. E eu fui ficando deprimida, retida, e vieram aquelas vontades de qualquer pessoa que se sente sozinho (mesmo rodeado de pessoas) tem vontade de fazer: sumir, ou morrer. Talvez tenha sido nesse momento a primeira vez que pensei algo que poderia ser lógico naquele momento e que eu já havia ouvido falar por outras pessoas ao meu redor, mas não tinha absorvi...

Para um amigo de infância

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Nunca pensei que fosse um dia te escrever, principalmente nesse momento. A vida é imprevisível, é breve e nós nunca sabemos quando vai acontecer alguma coisa. Quando vai acontecer a última coisa. Eu não lembro a última vez que nos vimos, nem o último abraço que te dei, mas recordo bem o quanto tua inteligência te levou longe.  Se eu era português, você era matemática. Era assim desde criança e depois de adulto também foi, não foi a toa que você conseguiu ser um dos primeiros engenheiros da nossa geração e longe de qualquer privilégio, foi por muito esforço. Nós, crias do pé de serra, filhos de professores, tendo sempre aquela "leve" pressão do dever de sermos eficientes em tudo que fôssemos fazer. Você era irredutível, cheio de disciplina, esperto e focado e apesar de tudo isso, aproveitamos nossa infância e foi lá que eu também peguei apreço pela escrita, de escrever bilhetinhos na sala, cartinhas pra mãe e pro pai, logo serei professora... A gente brincou muito junto, assis...

Adoeci

É, o ferro que eu tenho não faz efeito na imunidade, só nos ossos mesmo. Adoeci tem alguns dias e não me recordo quando foi a última vez que peguei uma gripe. Mas lembro quando adoeci e quase tive pneumonia, que pareceu bem similar ao que vinha sentindo nos 5 dias que se seguiram: aquela febrezinha no fim da tarde e a moleza no corpo, e depois as dores no peito seguidas de falta de ar. Dessa vez não foi princípio de pneumonia. Mas o abatimento veio. Há vezes que precisamos de algo assim pra parar, pensar, talvez sair da rotina que a gente costuma ter (mesmo que produtiva) pra olhar mais pra si, e se perceber um pouco mais. Com a moleza, os banhos ficaram um pouco escassos durante o dia, mas os dentes eu mantive sempre escovados. Isso soa porco? Talvez, mas quando a gente não sustenta o corpo direito, nada anda bem, não é? Nem mesmo os pensamentos da gente. Passei dias sem lavar o cabelo, sem usar um hidratante no rosto e no corpo e procurei refúgio nos livros e nos desenhos. Poucas pes...