Adoeci
É, o ferro que eu tenho não faz efeito na imunidade, só nos ossos mesmo.
Adoeci tem alguns dias e não me recordo quando foi a última vez que peguei uma gripe. Mas lembro quando adoeci e quase tive pneumonia, que pareceu bem similar ao que vinha sentindo nos 5 dias que se seguiram: aquela febrezinha no fim da tarde e a moleza no corpo, e depois as dores no peito seguidas de falta de ar. Dessa vez não foi princípio de pneumonia. Mas o abatimento veio.
Há vezes que precisamos de algo assim pra parar, pensar, talvez sair da rotina que a gente costuma ter (mesmo que produtiva) pra olhar mais pra si, e se perceber um pouco mais.
Com a moleza, os banhos ficaram um pouco escassos durante o dia, mas os dentes eu mantive sempre escovados. Isso soa porco? Talvez, mas quando a gente não sustenta o corpo direito, nada anda bem, não é? Nem mesmo os pensamentos da gente. Passei dias sem lavar o cabelo, sem usar um hidratante no rosto e no corpo e procurei refúgio nos livros e nos desenhos. Poucas pessoas sabem, mas eu não sou desenhista, nem nunca fui, nem imagino ser um dia... Contudo, quando eu em sinto num abismo frente a mim mesma, procuro válvulas de escape que não me maltratem e fugindo da compulsão alimentar e autodepreciação, eu achei no desenho um abrigo. Infelizmente até nisso eu fico me autocobrando, pra ser perfeita nos traços, pra não errar um risco, o que é uma droga porque eu não sou especialista nisso kk
Quando essas pequenas coisas acontecem, de eu me cobrar até num hobby, pra ser perfeita, pra não errar, me recordo que a vida toda foi tentando ser sempre certa, em tudo. Nas atitudes, nas tarefas, nas provas, nas apresentações de eventos da escola, no comportamento em casa, ao lavar uma louça mesmo quando eu tivesse aprendendo a lavar a louça e vejo que isso me deixou doente. Eu não aprendi a errar, só acertar e todo erro doía. Até hoje, qualquer erro costuma doer um pouco, não dói mais tanto porque a terapia ajudou muito, os relacionamentos interpessoais também, os amorosos, os profissionais, as decepções, os burnouts, os foras que levei. Mas ainda dói errar, e talvez demore a não doer mais. Entretanto tento ser humana, o máximo que posso ser. E o pensamento que tenho é que a estrada é longa, pra deixar o adoecimento pra trás e a certeza que também tenho é que não quero isso pros meus filhos, caso eu os tenha 😝
Bem, eu tô de atestado, sem sair de casa nem pra ir à calçada, tomando uns 3 remédios de uma vez, tomando bastaaaante líquido e me olhando no espelho hoje, pra banhar, percebi o quanto tô amarela e ando chateada porque não posso ir à academia durante esse tempo, já tem quase 1 semana que eu fui a última vez. Exercícios físicos viciam, e eu nem pensei que um dia pudesse gostar, mas gosto daquele ambiente e dos exercícios que tenho feito, me deixam sem dores e com mais disposição. Na verdade, tem outra válvula de escape da minha vida, a academia, e é estranho porque eu procrastinei a adesão dela por anos, longos 10 anos. Saudades academia, mas é uma saudade saudável. Logo eu volto.
Logo a vida toda me tem de volta, inclusive, a cada vez que adoeço, a vida me tem de uma forma diferente. Bem melhor.
Portanto, em partes, é bom "adoecer".
Assinado, Joice.
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