E se eu não estiver pronta?

A vida é cheia de incertezas. Eu acredito que por alguma porcentagem (sei lá qual valor), nós viemos ao mundo, eu e você. Antigamente era muito difícil um casal que planeja uma vida a dois ter um filho por engano, muitos procuram se planejar e até mesmo economizar para isso, se não para filhos, para viagens, mudar de emprego, de cidade, de estado, de rumo. Mas sempre há aquele sentimento de incerteza.
Será que vai dar certo? E se eu não estiver pronta? E se der errado?
Se formos parar pra pensar (sem nada tecnológico próximo nesse momento), sempre há a porcentagem de alguma coisa que formos fazer dar errado. É que nem aquele ditado, "o não eu já tenho, preciso buscar o sim" ou "preciso buscar a humilhação" (isso é de sentido completamente negativo, se pensar assim, nem tente). A maioria das vezes, na minha vida, eu realmente precisei tampar os ouvidos para os "se" das pessoas ao meu redor para dar minha cara a tapa e tentar fazer dar certo, mesmo com as chances de algo dar errado. Existe sempre a chance de dar certo, existe sempre a chance de dar errado e ambas estão ao nosso lado todos os dias, em quaisquer chances que aparecem da gente ser feliz, de sermos melhor na vida, melhor economicamente, em um projeto, em uma viagem, em um relacionamento, entre outros meios. O que conta na verdade, é um pouquinho mais de raciocínio lógico pra decidir o "vamo lá".
Na minha casa e na minha educação, nós sempre fomos direcionadas a fazer primeiro a obrigação e depois o lazer/prazer/o que gostamos. Talvez tenha sido errado, talvez tenha sido certo, quem sou eu pra julgar o jeito que minha mãe me criou? Ela fez o que achava certo e assim o fiz. Sorte dos que podem fazer sempre o que querem, o que gostam, sem ter que direcionar sua vida à algo que seja obrigatório e esse obrigatório não seja algo que você goste. Chegando no momento de fazer o que gosto e o que me dá prazer, eu me sinto perdida. Será que eu tô pronta pra isso? Escolher uma pessoa para me relacionar, um lugar para tentar vaga de emprego, avançar nos estudos ou tentar um concurso, me abdicar de algo que gosto de fazer para me dedicar à minha saúde... Será que eu tô pronta pra tantas coisas que chegam até mim? É mais uma vez o momento de sentar e pensar, raciocinar logicamente: Isso realmente vai me fazer bem? Essa pessoa combina comigo? Vou poder compartilhar meus gostos com ela? Isso vai ser agradável de fazer? 
É triste ter que forçar algo, acabar com algo que você vem há tempos tentando se moldar, tentando iniciar e sair de uma zona de conforto que talvez seja perigosa (ou não), mas é bom sempre pensar a forma como você vai lidar com sua nova forma de viver. Sim, toda nova atitude que você toma na sua vida, para si, é uma nova forma de viver a vida, mesmo que seja um comportamento mínimo. Isso vai mexer com seus sentimentos, sentidos, cotidiano, família, a forma como vai trabalhar e até mesmo a terapia. Eu tive que parar com o violino e parei também com o espanhol para ter que me dedicar à saúde; algo que eu menos esperava era perder minhas férias sentindo dor e gastanto dinheiro e tempo indo aos hospitais, entrar em contato com radiação mais de uma vez num mesmo mês e o pior, fingir que tá tudo bem, que a dor não estava ali. Lidar com obrigações foi o mínimo que eu aprendi na infância e até a adolescência, eu tive também que aprender a ser forte, pra tudo, em todas as situações. E quando virei adulta, amolecer o coração se tornou algo mais difícil, porque eu tive que ser a maioria do tempo o que minha mãe queria, o que a vida me exigia, o que as dores me ensinaram, o que a depressão me exigiu ser: forte.
Hey você, se você tem dúvidas se algo vai dar certo ou não, mesmo tendo muito tempo pra pensar nisso, acho que em uma grande porcentagem você não quer isso. Não existe só uma pessoa, só um emprego, só uma cidade, só aquele momento pra estudar uma língua ou um instrumento. Você precisa ser racional, para não repetir erros que te machucaram, você precisa expandir seus pensamentos e até mesmo tentar coisas novas, pra saber se isso que você tem dúvida vale a pena arriscar. O mundo tá cheio de gente boa e ruim, na mesma quantidade até. Pensar que existe algo ou alguém que pode te dar o que você precisa não é impossível, seu tempo vale ouro! Faça diferente e pense o que é melhor pra você hoje, não se sinta pressionado, leve na esportiva, é a sua vida, é o seu bem-estar. Se há dúvida, pense em uma segunda saída, em outras oportunidades, em outras felicidades, porque o novo acontece todo dia, mesmo que você não perceba, as vezes mais perto do que você imagina.

Assinado, Joice.



Comentários

  1. Acho que a palavra chave para incertezas (e para muita coisa na vida) é equilíbrio. É aquela coisa que os mais antigos falavam "nem muito coração e nem muita razão". Na vida as incertezas e os medos são aquele vizinho que insiste em passar mais tempo na sua casa do que na dele, então todos nós temos duas alternativas, brigar com esse vizinho e viver constantemente nesse conflito sabendo que ele vai continuar ali ou criar um equilibrio.

    Como não ter incertezas quando você vive 15 anos da sua vida num mesmo lugar, todas as suas experiencias e vivencias foram naquele lugar, tudo o que você conquistou foi naquele lugar e dai aparece a oportunidade de colocar 15 anos da sua vida em duas malas (de no maximo 25kg) e atravessar um oceano? Se for pensar de maneira logica, seria obvio que eu nunca faria isso, é loucura, nem sequer tinha onde morar (e dando um spoiler, não foi tudo maravilhoso nos primeiros meses também) mas é ai que entra o coração, é ai que entra aquele garoto de 9-10 anos putasso com coisas que na época ele não percebia mas sentia, com uma vontade de voar mais alto e não vendo saida, putasso de tal maneira que naquele classico momento do hino na escola se revoltou e disse "a partir de hoje, não canto esse hino, vou cantar o hino de Portugal" hahahahahahah e aquele garoto realmente voou (literalmente até), aquele garoto viveu momentos épicos e momentos tristes, aquele garoto que se achava um burro completo na escola se formou como o melhor aluno da escola tecnica, aquele garoto que era pessimo em matemática foi testado em cálculos que ele nunca tinha aprendido e tirou nota máxima em todos os trimestres, aquele garoto apaixonado por jogos conversou com desenvolvedores dos jogos que ele cresceu jogando, aquele garoto nunca mais parou de sonhar, pois ele percebeu que foi justamente os sonhos e a vontade de realizar algo que o fez enfrentar as improbabilidades e realizar o que queria...Então sim, pensem, analisem, coloquem as coisas na balança, mas não caiem naquela maldição que muitas vezes somos ensinados de que "o seu lugar é esse", aquela maldição de que o homem que nasceu na favela não pode ser presidente, sim ele pode, sim ele pode sonhar, sim ele pode realizar e sim todo mundo pode voar

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