O "eu te amo" que nunca disse

Mais um ano acabando. Sempre que um ano tem um 3 no final, eu sei que vai ter passado uma década e dessa vez lá vem meus 30 anos. Mas antes disso, veio 2022, o ano que eu achei que ia ser pacato, e nada de pacato teve.
Talvez a expectativa seja sempre a mesma, que o ano seja mais calmo, pacífico, que eu fique mais tranquila durante os 365 dias que vem pela frente pra viver, que eu tenha uma companhia que goste de mim e que eu possa retribuir esse sentimento. Entretanto isso não costuma acontecer comigo. Falta aceitação de algo que eu nunca vou aceitar: a vida ter seus caminhos tortos e eu me perder de pessoas que gosto muito. Durante 2022 eu tive pessoas que gostei por perto, pessoas que gostaram de mim e quis pessoas que não gostaram de mim, as quais eu mesma tive que tomar a decisão de deixar para trás, pelo simples fato das pessoas ultimamente serem acomodadas em ficar onde há sentimentos por elas, sem se preocupar em retribuir o que recebem.
Ao menos isso eu me orgulho de mim, saber o momento de ir embora, mesmo que eu tenha motivos para ficar. As vezes a gente tem que ir embora mesmo sabendo que sente muito por alguém, e até mesmo sabendo que aquilo que se sente não é de verdade, porque o que é de verdade te dá forças pra continuar tentando e acaba se tornando recíproco. E muitas coisas esse ano não foram. Os estudos continuam sendo meu refúgio. Ler, escrever, pensar muito, fazer rascunhos, escrever cartas que nunca vou entregar, lembrar de cheiros que nunca vou saber de que marcas são, e tanto faz as marcas. O que importava mesmo eram as pessoas. Agora estou só e pensando muito, muito mesmo. Pensar talvez seja uma das minhas maiores dádivas e também o meu maior defeito, porque mesmo pensando muito as vezes tomo decisões erradas e isso vai fazendo eu trilhar novos caminhos, que eu não imaginava que pudessem existir, até eu mesma puxar um "facão" e começar a cortar o mato, e abrir uma nova estrada. Construir minha própria estrada.
2022 está acabando, eu construí muito, acabei muita coisa, comecei várias coisas também e tive que ir embora sem me despedir, o que não deveria ser normal mas já me acostumei, porque muitas das vezes eu que acabo sobrando sozinha em algo que só existia na minha cabeça, logo vê-se que eu era a única naquele mundo que nunca existiu. Não era um mundo, era uma imaginação que talvez não tenha saído nem da minha cabeça. Eu fico feliz das que saí lúcida e triste das que eu não pude perceber antes, onde cheguei a perder pessoas que amo (mais uma vez). A vida ensina, um dia eu aprendo. Eu tenho que aprender.
Nisso tudo, alguns "eu te amo" não foram ditos com palavras. Tentei dizer com ações enquanto estive perto, mas ninguém é obrigado a entender, afinal, todos nós temos nossa forma de falar, aquela coisa de 'linguagem do amor" e afins. Não, não é obrigado todo mundo saber. Mas o "eu te amo" que eu não disse, vai ficar arquivado na minha cabeça e no meu coração, mesmo que eu não queira, porque eu sinto, sinto muito e como pessoa que sente, é difícil parar de sentir. As minhas melhores lembranças, apesar de tudo, sempre serão amor, independente do tipo de amor que seja. Amor próprio, amor por amigos, amor por companheiros que tive, que passaram pela minha vida, que não ficaram, que eu não deixei que ficassem por puro desleixo e até por medo, amor de família, amor de cachorrinhos e gatinhos, amor de professores e colegas. Amor. Simplesmente amor.
O "eu te amo" que nunca disse vai ficar ecoando em mim nesse natal, porque eu não vou mais poder dizer, talvez nunca possa dizer, nem nunca vão acreditar em mim. Mas continuará sendo amor, como o amor que eu sinto por qualquer outra pessoa que amo, só que sem dizer. É como esse blog, que eu escrevo e não lêem. O "eu te amo" que nunca disse, eu já quis dizer, mas não falei porque achei que era cedo, que não valia a pena, que não seria recíproco, que não fosse significar tanto e hoje, eu sinto que ele significa pra única pessoa que sempre significou: pra mim. Se o natal é amor, é com ele que eu vou passar, em casa, no sofã, fazendo companhia pra minha verdadeira companheira, Ártemis, e nós duas vamos seguir por mais um ano juntas se Deus quiser, esperando que mais amores entrem na minha vida e que aceitem ela também, porque quem não aceita a Tetê, eu não vou aceitar. Logo, quem gosta da minha cachorra, eu gosto também e falo de todo mundo pra ela, porque ela é com quem eu divido a minha vida, pois não sei com quem eu poderia dividir a essa altura. Quem eu gostaria de dividir a vida, eu não posso mais e tá tudo bem, a vida segue e todo ser humano arca com as consequências das suas decisões. 
Mas... e o "eu te amo" que eu nunca disse? Eu gostaria tanto de dizer... 
"O que quer que você faça na vida, será insignificante, mas é muito importante que você faça porque ninguém mais vai fazer...".

Feliz natal.

Assinado, Joice.

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