Antes dos 30...
Vieram os 29 anos que já vivi, cheios de experiências das mais diversas situações, coisas atípicas, remédios, risos, alegrias, tristezas, depressão, ansiedade, uns princípios de ataque de pânico e aprendizados. Muitos por sinal.
Eu achei que nunca ia chegar até aqui, assim como não achava que ia chegar aos 18 e quando cheguei, me desesperei. Diferente dos 18, hoje eu não tô desesperada, me sinto mais em paz comigo mesma. Vejo que o meu peso tá de acordo com meu tamanho e isso não tem impactado na minha coluna, que talvez tenha o mesmo número de parafusos a mais que minha cabeça tem.
Antes dos 30, ou até mesmo dos 29, vieram muitos momentos de comparação, o que eu acho uma injustiça comigo mesma. Eu me comparar com outra pessoa, qualquer outra pessoa, é um erro. Parece clichê dizer que “todo mundo tem seu tempo”, mas no último ano eu aprendi muito disso: que eu não devo me comparar, que cada pessoa é única e isso se aplica a mim também, que eu tenho meus problemas de saúde e tenho que me cuidar acima de tudo. Todo mundo tem alguma coisa hoje em dia (difícil é não ter alguém com problemas kk). Tenho minhas limitações físicas, síndrome do pensamento acelerado, meu psicológico em constante evolução e meu corpo se adaptando a novos medicamentos. O coração batendo sempre mais rápido, mas não é amor e nem paixão, é a química nova no sangue xD
Eu lembro o quanto eu era impaciente, bobinha, ciumenta e como eu queria sempre estar com alguém, me relacionando com alguém, dividindo a vida com alguém e mesmo que isso tenha sido uma fase, eu ainda considero um erro meu. Eu tinha metas pra vida: queria casar antes dos 30, ter filhos antes dos 30, estar trabalhando com o que eu gosto antes dos 30 e semana que vem já faço 30, não tenho nada disso. E tudo bem. Talvez o que aconteceu até hoje tenha sido o melhor que pôde me acontecer e hoje, eu estudo pra ser o que eu realmente quis ser: professora. As realizações que tive no último ano dentro da sala de aula, eu devo ao PIBID, programa de bolsas da faculdade que proporciona esse contato do discente com a educação básica. Me recordo que a coordenadora da bolsa (que hoje é minha orientadora) diz “vocês vão sentir falta disso aqui quando acabar”. Nem acabou ainda e já tô sentindo falta. Espero que eu consiga um emprego depois disso, ou uma outra bolsa pra continuar trabalhando com o ensino. Talvez isso tenha sido minha maior conquista do último ano.
Durante toooda essa jornada de vida eu ganhei pessoas, perdi pessoas, e consegui manter as melhores pessoas ao meu lado. Posso contar com 3 amigos firmemente hoje, mesmo que eu não os veja constantemente. Consegui manter um bom relacionamento com meus colegas de bolsa na escola e conquistei uma turma inteira de alunos. Voei pela primeira vez (enfim) e sei que o mundo é maior do que eu imaginava, inclusive já tenho uma nova viagem marcada pro ano que vem e não vejo a hora de ir, conhecer mais lugares novos, reencontrar colegas que conheci num evento nacional que fui e que fiz parte da monitoria (mesmo sendo uma zona essa organização...). O bom de participar das coisas da faculdade é isso, ter contato com gente diferente, de outros lugares, com culturas e sotaques diferentes e dessa vez, sem sair daqui da minha cidade.
Já considero Fortaleza como minha cidade, mas as vezes tenho a impressão que esse lugar me deixa um pouco mal. Não sei se é devido as experiências ruins que tive com algumas pessoas, alguns abandonos que tive e que também pratiquei. Algumas situações que eu vivi ainda ficam flutuando na minha mente, tento me dispersar e é como um ioiô, vai e volta. Essas coisas me fazem pensar em ir embora, sabe? Pra onde eu não sei, mas ir embora, começar tudo do zero. Não sei se é o certo, mas são pensamentos que só vão poder ganhar um maior sentido a médio prazo, quando eu acabar a graduação. Hoje eu me sinto mais leve, cheia de afazeres, mas cheia mesmo! E não acho isso ruim, eu até gosto de manter minha mente ocupada. Mantenho meus cuidados com a saúde, brinco com a Tetê e isso estreita mais nosso laço. Uma coisa eu tenho que admitir: muitas vezes eu sinto que só somos nós duas, eu e Ártemis, e que não conto com mais ninguém. Espero que isso não seja egoísmo da minha parte, visto que eu tenho amigos sim, mas a vida anda corrida, muito corrida e a única pessoinha que eu tenho certeza que vejo e verei no fim do dia é ela. É o essencial na minha vida, é a minha família.
Antes dos 30 eu já fui menina, já fui pré-adolescente, adolescente e aos 18 eu já era uma adulta porque decidi sair da casa dos meus pais e me jogar no mundo. Me mudei algumas várias vezes, comprei meus eletrodomésticos sozinha, fiz minhas várias tatuagens, meus piercings e disse que nunca furaria minha cara (e furei meu septo). Namorei muito, fui noiva, morei junto, tive enteados e já fui apaixonada por eles; já fui amiga, parceira, companheira, as vezes mãe, vilã, inimiga, injusta, resiliente e muito altruísta (de uma forma boa e ruim, infelizmente). Hoje em dia não sou totalmente independente como já fui um dia, mas aceito que tudo na vida são fases, processos que devemos passar para um fortalecimento e também pra dar tempo ao tempo. Tem coisa que a gente quer muito que aconteça, mas acaba não acontecendo e quando o tempo passa, dá pra perceber que foi o melhor que pôde acontecer. Eu sinto isso, que se eu cheguei até aqui assim, foi o melhor que pôde acontecer pra mim, que tem coisa que realmente não tava ao meu alcance.
O que aconteceu, aconteceu. As situações, os lugares, as pessoas, eu não vou conseguir esquecer tudo (talvez alguns detalhes só), mas eu supero as chateações e sigo em frente. Lembro das coisas boas, não repito os erros, posso ouvir mais e falar menos e fazer sempre o melhor que eu posso. Eu não sou melhor e nem pior que ninguém, sou apenas Joice, da melhor forma que posso e mantendo minha essência, a carinha de menina que eu tenho e as bochechas enormes kkk é o meu jeito e se eu me sinto bem assim, vou continuar sendo, mesmo após os 30. A vida ora é breve, ora demora a passar, mas ela não para pra ninguém e eu vou seguindo, andando naquele ritmo frenético de sempre, escrevendo quando posso, as vezes (agora) desenhando, arranhando o violino e com perspectiva de que eu possa voltar a estudar melhor ele.
Ah, e sobre a temida crise dos 30 (que eu já passei ao lado de algumas pessoas): fui atingida por uma leve crise existencial na última semana, o que talvez seja normal pra mim porque eu penso em muitas coisas ao mesmo tempo. Contudo, me encontro melhor :) Sempre melhor.
Ainda há muito o que fazer, ciclos a encerrar e começar. E lá vou eu.
Assinado, Joice.
Comentários
Postar um comentário