360° e contado.

Eu nem sou bailarina, mas minha vida deu um giro de uma hora pra outra. Completo.
Esperava que os 30 fossem fazer alguma diferença quando tava bem próximo, contudo chegando em setembro nem esperei mais tanto. Tava conformada e aceitando o que o destino quisesse me trazer, mas com uma única exigência: que fosse para o meu bem. E veio. De repente.
Final de mês eu tinha a semana universitária da Uece pra "realizar". Digo isso entre aspas porque não sou só eu que faço esse evento, mas eu ia participar como ninguém e como nunca tinha participado antes: ministrando oficina, apresentando trabalho oral, participando de sala interativa e outra demanda que precisassem de mim. Contudo não foi muito bem isso que aconteceu. No começo de setembro, depois de muita gente me aconselhar e apoiar a fazer uma seleção pra professor temporário, eu fiz. E olha só, eu acabei ficando com a vaga! Surprise!!! Todos os meus planos tiveram que mudar rapidamente porque eu ia começar justamente na semana universitária.
Não achei que as mudanças viriam tão rápido, mas as acolhi mesmo assim e o melhor de tudo, tive apoio das pessoas que viram todo meu início de caminhada dentro da carreira de docente: minha orientadora e coordenadora de bolsa, meu supervisor da escola (que agora é meu colega de trabalho), meus colegas de PIBID e até minha mãe. Talvez tenha sido sorte, ou Deus, destino ou meu próprio esforço... só sei que eu fui com tudo. Como nem tudo na vida é perfeito, eu só tinha uma semana pra passar revisão em todas as turmas de 2º ano para eles fazerem prova (que inclusive foi adiada pra segunda-feira agora, por conta do ponto facultativo do governo) e sabe, pra começo de tudo eu acho que até fui bem. De cara também já peguei conselho de turma, foi bom porque eu pude conhecer os alunos pela visão de outros professores, saber de alguma coisa que possa me ajudar dentro da sala de aula, a dinâmica das turmas (porque é tudo muito sortido lá na escola). Nunca pensei que fosse ensinar no Adauto Bezerra daqui de Fortaleza um dia, talvez até pensasse que ensinaria no Adauto Bezerra que estudei lá no interior, mas a vida surpreende. 
Já não sou mais uma bolsista, ouço meu nome pelos corredores e pátio da escola; já ouço "oi professora" ou "professora Joice" ou "bom dia professora Joice" por aí. Passo a maior parte dos meus dias na escola, só voltando pra casa pra dormir e dar uma atenção pra Ártemis. Comprei uma caixinha de som e microfone porque minha voz já começou a falhar na primeira semana de aula e os alunos nem estranharam (que bom). E já até adverti aluno na sala de aula com apoio da inspetora... Preciso confessar que professor nunca consegue dar conta de tudo e que sim, é preciso ter pulso firme pra muita coisa quando se trata de adolescente, de crianças crescidas que infelizmente não são tão maduras por conta de um passado mal acostumado devido a pandemia. Como professora posso dizer que hoje essa é uma das nossas lutas diárias: fazer com que o aluno tenha mais responsabilidade e maturidade, porque depois da escola, o mundo é mais duro.
Sobre a vida fora da escola: Nem sei se tenho vida kkk tem a faculdade ainda, que tá dando pra levar graças a Deus. Os dias tem sido pra trabalhar, estudar e Ártemis. Eu, que vivia falando de amor e amar uma pessoa, dedicando meu dom da escrita para romantizar algo que só existia nos meus pensamentos, agora não vejo mais nada acontecendo. Em um pensamento bem remoto, se eu pensar em materializar o amor em alguém, esse alguém provavelmente seria professor também, porque eu não saio mais de dentro do ambiente escolar e se sim, faculdade. Tempo e disposição pra sair tem sido difíceis, e se penso em sair lembro logo de comida. E sabe o que é estranho? Eu já sou acostumada a ser sozinha, talvez seja por isso que é mais estranho ainda pensar que pode existir alguém que se preocupe comigo, que queira manter conversa, me encontrar, dividir tempo comigo e mesmo que eu esteja acostumada, vez ou outra sinto falta de ter uma pessoa para compartilhar as coisas que acontecem diariamente, até porque meus dias estão mais movimentados agora xD Contudo, não posso forçar a barra e nem quero, acho que se alguém tiver que aparecer na minha vida, tem que ser de forma natural. Chega de apostar em internet ou aplicativo de relacionamento, eles não tem funcionado e eu detesto ter uma ponta de chance de criar expectativas em algo. Alguém seria bom pra dar atenção pra Ártemis também, porque ela tem se sentido só as vezes e eu não consigo dar conta de tanta carência kk mas de resto, consigo dormir sem remédio no momento e as vezes não consigo dormir porque tô muito cansada (essa sensação é ruim, inclusive).
A vida vai seguindo seu curso e eu tentando terminar 1, 2, e me mantendo firme na escola. Um dia volto a escrever sobre o amor, sobre possibilidades românticas, sonhos, utopias, fantasias e talvez, com algo real que envolva tudo isso.

Assinado, Joice.

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