Sentiu que precisava escrever...
Sentou e enfim escreveu.
Faz tempo que eu não paro um pouco pra escrever. Quando me dei conta, já tinha coisas demais em mente, sem conseguir colocar pra fora. Tenho a impressão que mais uma vez tô dando conta de coisas ou pessoas que não são pra eu ter tanta comoção, envolvimento, ou até mesmo apreensão por me preocupar com o que essas acham de mim. Tenho percebido mais uma vez o quanto é prejudicial pra minha saúde tentar entender as pessoas que não se abrem pra me entender também. E sabe, quando uma atitude dessa de compreensão vem só de uma parte, é complicado.
Tenho percebido também que tô sentindo falta de algo, ou de alguém. Seria ousado da minha parte dizer que minha vida anda parada, porque eu mal tinha tempo pra pensar em mim e só pensava nos meus mais de 800 princesos e princesas que em sua maioria tentou o ENEM esse fim de semana. Fiquei muito contente por ver assuntos que discuti em sala com eles virando questões de prova, isso é muito importante pra eles perceberem que tudo o que nós professores planejamos transmitir à eles é relevante, inclusive nessa fase tão importante que é o encerramento da passagem deles pela educação básica.
Mas sim, voltando ao assunto... Eu tenho sentido falta de alguém. Enquanto eu fiscalizava prova essa tarde, tive vários momentos de puro silêncio em que pensei em muita coisa: a correria que foi esse último mês, esse último ano, o meu tempo de bolsista, as atividades e a construção da minha carreira no magistério que mal começou e já veio recheada de turmas e responsabilidades (que consegui dar conta)... enfim, meu profissional né? Sempre ele. Inclusive, eu adoro o Adauto Bezerra. É bom lembrar que o mundo não gira, ele capota e que no meu ensino médio eu era aluna de um Adauto Bezerra em uma cidadezinha de 17mil habitantes, e hoje em outra cidade, capital do estado, eu fui professora em um Adauto Bezerra que no meu tempo era totalmente o contrário do lugar que eu trabalhei esse ano! E fico muito contente em saber que fiz a diferença junto com meus vários colegas substitutos também, e os efetivos. Um dia quem sabe eu volte como concursada ^.^
Acabei por me voltar demais ao profissional, ao acadêmico (como sempre, desde quase sempre) e fui esquecendo desse meu lado pessoal que sempre gostou de compartilhar a vida com alguém, mesmo que esse alguém um dia se tornasse uma pessoa encostada ou se aproveitasse da minha boa vontade. Hoje com 30 eu não me desespero pra encontrar alguém, contudo eu sinto falta. Até cheguei a uma conclusão: é um bom momento pra conhecer alguém que queira compartilhar a vida também, mas não sei onde essa pessoa tá no momento, se ela tem nome, se tá em crise no atual relacionamento, se tá solteira, ou como eu, altamente comprometida com o lado profissional. Essa sensação de sentir falta e ao mesmo tempo não se desesperar pra arrumar alguém é até gostosa, é notório um amadurecimento de que "se aparecer vai ser maravilhoso, mas se não, não é por isso que eu vou morrer". Acho que sou a prova vivíssima de que as pessoas amadurecem com o tempo, e depois que isso acontece, a gente nunca mais volta àquela forma ridícula que era, muitas vezes orgulhosa, egoísta, ciumenta, entre outros adjetivos desfavoráveis.
A minha dificuldade hoje em dia é passar por pessoas que não me entendem bem. Parece que todo mundo (ou a maioria do mundo) tem andado "armado", em defesa, em alerta, como se a qualquer momento qualquer pessoa (e eu inclusa nisso) fosse atacar e é necessário estar preparado pra qualquer batalha, guerra ou um simples debate. Nesses momentos eu lembro da minha última terapeuta, dra. Sil: "não tenha expectativas" e foi assim que construí meu atual estado de personalidade, uma pessoa tranquila (não sei bem se calma), que leva as conversas numa boa e que é mais ouvinte do que falante. E confesso que isso parece estar assustando algumas pessoas. Cheguei a me queixar num desses posts sobre comunicação de que as pessoas me entendem mal até quando eu tomo o maior cuidado do mundo ao falar algo, e uma querida MUITO querida me respondeu o seguinte:
"faz parte também não saber até que ponto aquilo ofendeu ou afetou a pessoa mesmo que não seja por mal, cada um ressignifica de acordo com o que passou na vida, não leva para o pessoal a forma que o outro reagiu e não saiu como você esperava, isso vai te tirar um peso, fica bem 🤍🌼"
Cara, ler isso pra mim foi como um bálsamo, sério. Imagina quantas pessoas já não chegaram pra mim dizendo que eu tava julgando, sendo grosseira, equivocada, quando o que eu mais tava sendo era... neutra '-' sério, é cansativo você ser sempre cuidadoso ao falar alguma coisa e a pessoa mesmo assim achar que você tá sendo sarcástica, ou grosseira, ou insensível. Parece que não é suficiente eu me abrir pra pessoa dizendo que eu tenho traumas relacionados a isso e que jamais eu faria algo do tipo porque se fosse comigo, ia acabar sendo um gatilho.
Cara, ler isso pra mim foi como um bálsamo, sério. Imagina quantas pessoas já não chegaram pra mim dizendo que eu tava julgando, sendo grosseira, equivocada, quando o que eu mais tava sendo era... neutra '-' sério, é cansativo você ser sempre cuidadoso ao falar alguma coisa e a pessoa mesmo assim achar que você tá sendo sarcástica, ou grosseira, ou insensível. Parece que não é suficiente eu me abrir pra pessoa dizendo que eu tenho traumas relacionados a isso e que jamais eu faria algo do tipo porque se fosse comigo, ia acabar sendo um gatilho.
Então, chego a conclusão de que talvez as pessoas que tem me mal interpretado, não vieram pra ficar, ou não sejam adequadas ao meu momento. Talvez elas precisem se curar de algo e eu já não tenho mais saco pra esse papel de psicóloga ou parceira de cura. Minha vibe é: se cuide, e se você não se cuidar, sinto muito mas eu me cuido e problemas só me fazem mal, já bastam os meus. Parece egoísta no começo, mas se a gentre para pra pensar, quem que gosta de ter que lidar com problemas alheios e ainda por cima, com pessoas que não se abrem pra você com a intenção daquela situação melhorar, deixar de ser sacal e desgastante? Já basta psicólogo formado cuidar disso né, e as vezes nem psicólogo dá jeito, vai depender da boa vontade da pessoa querer se tratar também.
Nesse viés da conversa, me recordo do meu pensamento inicial: sinto falta de alguém, mas não qualquer alguém, alguém que esteja disponível pra gostar de mim e que eu possa gostar de volta, compartilhar a vida, conversar a toa, ficar olhando em silêncio ou ouvir uma musiquinha junto, sair por aí ou nem sair, assistir filminho, conversar sobre a vida e reclamar de cansaço, ao mesmo tempo que se tem disposição pra fazer algo a dois 😊
Eu sei que é possível, só não sei com quem.
Assinado, Joice.
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