Sobre depressão
Lembro que expor meu quadro depressivo não foi visto como uma boa ideia pela minha mãe. Na época as pessoas depressivas eram mau vistas pela sociedade, como se a gente tivesse com uma doença infecto-contagiosa. E de certa forma ela se propagou rápido. Não como um vírus, porém mortal.
E já são mais de 20 anos convivendo com depressão, ansiedade e posteriormente, com borderline. Minha mãe conseguiu me ver como uma pessoa forte por eu ter assumido publicamente como uma portadora de depressão e com o tempo isso meio que se tornou comum, só que em níveis diferentes entre as pessoas. Já tive meus momentos críticos de depressão e até tentei tirar todas as minhas chances de melhorar, contudo consegui dar a volta por cima, sozinha ou acompanhada de algumas pessoas.
Mas uma coisa é importante salientar: a depressão ainda não tem cura e talvez nunca tenha, porque afeta nosso psicológico, mexe com os nossos órgãos vitais, nossas emoções, nervos, pensamentos e agora foi descoberto o "pensamento intrusivo", que do nada aparece na nossa cabeça mesmo que a gente não seja o tipo de pessoa que pensaria aquilo que veio em mente, ou que já foi dito sem pensar. Pensamento intrusivo mesmo, intrometido.
Essa semana eu não tô no meus melhores dias e isso tem ficado evidente em diversos momentos, de diversas formas. Pra começar, eu senti aquela necessidade enorme de chorar mas como sempre, não consegui, acho que mais uma vez pela química dos medicamentos ainda possuir um pouco do controle de mim mesma. Então, eu procurei um filme de romance pra ver se conseguia chorar e pasme, a coincidência bateu a porta e minha irmã passou a senha da Star+ pra gente (mãe e eu) e eu consegui assistir o filme de um dos meus romances literários preferidos: Perdida. Lembro quando li aquele livro pela primeira vez e quantas vezes emprestei pra alguém e como as pessoas também gostaram :) de certa forma eu fico feliz quando alguém gosta de uma recomendação literária minha. Pois bem, assistir o filme deu certo, no começo eu fui resistente e achei que ia deixar o filme pro dia seguinte, mas queria mesmo chorar e sabia que ia chorar porque já lendo o livro, já tinha me sentido assim. Ouvir música não tem me ajudado a melhorar do estado depressivo, eu até ando evitando, ou então procurando umas tristes pra conseguir colocar meus sentimentos pra fora. E algumas vezes eu consegui, mas nem todas.
Essa semana conheci minha nova terapeuta, a Lara. Eu nunca gostei muito desse nome e eu não sei o porquê, talvez porque tem cara de nome de menina mimada, mas a Lara me tratou bem na consulta e eu sinceramente espero que a gente tenha muito tempo juntas, porque tô precisando colocar minhas terapias em dia. Semana que vem eu tenho muitas consultas agendadas, fora um exame que fiquei de entregar pro urologista, devido uma infecção urinária recorrente que eu tive desde o final de abril. Meu lado imunológico tá abalado, junto com o psicológico, junto com meus pensamentos positivos que tão abaixo de 0 já faz um tempo. O que me sobrou foi a consciência de responsabilidade e neutralidade.
Em resumo, a depressão ainda está comigo e vai continuar por aqui, o que me dá mais orgulho de mim é que os perrengues que ela me faz passar eu sei controlar e também sei onde despejar todos os sentimentos, a vontade de chorar, o ódio que tenho de mim por não conseguir dar conta de algumas coisas que não tem nada a ver com outras pessoas, que só cabe a mim resolver. De todo coração, espero que depois de ter arrumado tanta coisa em casa, rasgado papéis velhos e que não me servem mais, arrumado o guarda-roupa e ter desenhado toda a minha tristeza, essa semana possa vir melhor, bem melhor.
Assim espero.
Assinado, Joice.
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