Sobre minha mãe

Minha mãe veio do interior no feriado de 15 de novembro pra ficar um pouquinho comigo, e eu nunca sei bem como agradecer a boa vontade que ela tem de mexer os pauzinhos lá no interior pra vir aqui me ver. É sempre gratificante ter a presença dela aqui, mas já tivemos nossos tempos ruins, que eu era insensível e não sabia valorizar essa presença dela.
Ela sempre teve a alma mais moderna que a minha, até falo pros meus amigos e conhecidos que a gente trocou de alma em algum momento. Ela é descolada, sabe usar gírias, fazer coraçãozinho coreano e agora tá na fase de doramas. Ela se tornou a Joice quando era na adolescência: acordava de madrugada pra ver o download dos meus animes e hoje ela fica acordada até mais tarde assistindo doramas. Perto desse feriado eu voltei da escola e ela já tinha passeado com a Ártemis porque eu demorei a chegar, mas tomamos café juntas e ela foi assistir os doramas dela enquanto eu tava na rede. Eu tava mexendo no instagram e salvei um post sobre 36 doramans dublados que tem na Netflix e fui falar sobre isso com ela e pasme, ela já assistiu mais da metade (e o post era a parte 2 kk). 
Minha mãe é uma mulher extraordinária, sempre fez muito na vida visando o bom futuro meu e da minha irmã. Algumas coisas não foram tão saudáveis, mas hoje eu tenho maturidade pra pensar que nada é perfeito e ainda bem que existe a ciência e medicina pra remediar alguns excessos e faltas. Uma coisa que eu não posso jamais negar é a assistência que minha mãe deu à mim e minha irmã no nosso desenvolvimento como mulher e ser humano. Hoje somos fortes, humildes, sabemos valorizar as coisas simples da vida e cada uma constrói sua vida à sua maneira, mas sempre na honestidade. Ela fez 58 anos recentemente mas nem parece, porque ela tem uma energia invejável (inclusive por mim kkk), uma cuties perfeita (muitos anos de Avon) e me ensinou que ser cheirosa é mais importante que ser bonita e tenho dito viu, porque ninguém nunca reclamou do meu cheiro ^.^ Quando penso na minha mãe, sei que sempre vão faltar palavras pra elogiar ela e dizer o quanto ela é importante pra mim, mas em resumo: consigo ver que tudo o que ela fez por mim, mesmo que alguma coisa tenha me deixado mal, foi tentando sempre me trazer um bem, pra mim no meu presente e pro meu futuro.
O único motivo de eu ainda voltar no interior é ela. Acho que todas as pessoas que me conhecem sabem que eu não gosto da minha cidade natal, mesmo que ela tenha significado pra minha vida porque foi de lá que eu vim, né? Mas olha, aquele lugar me causa uma agonia, angústia, claustrofobia e um dos meus episódios extremos de depressão eu passei lá, com minha mãe, no trabalho dela. Acho que isso nunca vai sair da minha mente, lembrança... acho que foi naquele momento de pânico, de crise, que ela viu que o que eu realmente tenho é uma doença, que não era só um momento.
Eu gostaria que ela me desculpasse um dia, pela minha ausência. Eu sou a única filha que mora "perto" e detesto ir naquele lugar, mas ela me visita e quando ela vem eu me sinto muito feliz porque ela me dá um suporte emocional muito forte (mesmo com todas as adversidades). A gente já divergiu várias vezes em ideias, sentimentos, opiniões, mas hoje temos uma relação pacífica e continuamente amorosa :) 
Sinto saudades dela, todos os dias, mesmo que eu não a diga isso e desde que ela me disse que eu podia criar um cachorro, que ela ia me ajudar no início, foi mais um vínculo que criamos.
Passei esse fim de semana no interior e foi só por causa dela, sinceramente. Foram só 2 dias, mas a felicidade que eu vi nela, em guardar meu almoço, em fazer café e ajeitar um danoninho pra eu comer... A minha mãe é espetacular e contagia todo mundo com a alegria dela, meus amigos de Sana que digam kkk ela sempre foi a tia mais querida, tanto nos eventos como na escola. Eu lembro que na escola, todo mundo queria ser filho(a) da minha mãe e eu dizia "eu divido se você quiser" porque apesar de eu ter que ser sempre um exemplo, disciplinada e saber sempre mais, ela sempre foi carinhosa, sempre tratou bem meus colegas quando iam fazer trabalho lá em casa e quando eu cresci, isso não mudou. Os namorados que tive, ela sempre tratou como filho (Isaque, meu primeiro namorado, é prova disso), sempre os tratando como se fosse da família, mesmo que não fosse com a cara ou atitude específica de algum, em algum momento.
Se eu pudesse, colocava minha mãe num potinho e fazia ela viver pra sempre. As vezes dá vontade de escrever sobre ela e eu deixo passar, ou escrevo e coloco na bolsa dela e ela só vê quando volta de viagem, ou mando alguma coisa por email mesmo, ou deixo um post-it antes de ela sair daqui de casa pra casa dela. Eu posso ser forte, "guerreira", ter conquistado muita coisa sozinha aqui, mas se eu fiz isso, foi por influência dela e sabe, uma vez eu dormi no ônibus e passei da parada e a primeira coisa que eu pensei foi pedir socorro pra minha mãe. Ela nem sabia andar de ônibus direito, mas me acalmou e me deu o melhor conselho: siga até o fim da linha e volte.
Minha mãe não sabe, mas muitas vezes eu tive que ir até o fim da minha linha e bater um pouco mais na parede, inventar uma estrada a mais, pra não ter que desistir. Eu já quis desistir muitas vezes, de tudo, fosse no começo ou no meio do caminho, mas de alguma forma ela me impulsionou a seguir e sim, eu cheguei longe. Sei que tem muito mais caminho pra seguir e o pior, em algum momento eu não vou mais ter ela pra me motivar, mas o que já vivemos e o que ainda estamos vivendo, vão com certeza valer pra eu conquistar o mundo, o meu mundo.
Acho que todo mundo devia parar um pouquinho pra escrever pra sua mãe. Ia notar o quanto ela é gigante e, principalmente, o quanto nos tornamos gigantes por termos um ser tão importante na nossa vida, que torce por nós mesmo quando a nossa decisão é se distanciar, é ir mais longe pra crescer, pra vencer na vida.
Mãe, dona Cesa, eu te amo demais. Demais. Obrigada por mais esse ano.

Assinado, Joice.

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