Sobre o 1º FT
A vida tem seus momentos de devaneio, e antes de dormir, lá vem eu com mais um deles.
O ano letivo na escola em que comecei minha carreira de magistério está chegando ao fim. Na verdade, hoje foi o último dia letivo e enfim, eu escolhi não ir até lá ver todo mundo. Acho que ia chegar lá e me sentir um peixe fora d’água, em um aquário onde talvez não fosse mais meu lugar. Mas eu iria, só pra ver os meus meninos, só pra ver o meu 1ºFT. Nesse momento passa um filme na minha cabeça...
É bem provável que eu não consiga participar da vida de todos eles como eu gostaria de participar. Eu queria, mas não posso. Talvez nem todos gostem de mim como eu gosto de cada um, e tudo bem.
Cada ser humano nasce com uma missão e acredito que enfim, no auge dos meus 30 anos, eu tive mais certezas do que nunca de que minha missão é lecionar. E como uma mãe tem receio de abandonar os filhos, eu tenho medo de me distanciar dos meus primeiros alunos, porque acabei criando um afeto (mesmo que mínimo) por eles, até pelo Nico que nunca ia pras aulas às sextas e consequentemente não participava das minhas oficinas. O que me deixa feliz, acima de tudo, é que por mais que o meu tempo tenha passado naquela turma, eu continuo sendo lembrada e com carinho. Eu sinto isso em cada olhar, em cada “oi” e “tia que saudade” quando os via nos corredores. Lembro quando soube que ia ser substituta no 2º ano da escola que a Ângela (que eu gosto de lembrar como “Anginha”) me dizendo “tia eu soube que a senhora vai ser professora da escola, não esquece da gente... a gente tava com a senhora quando tudo era mato” kkk Eu to rindo e chorando ao mesmo tempo, porque tem realmente um fundo de verdade. Quando as grávidas dão a luz, costumam postar em redes sociais “meu filho, você me fez mãe”. Eu poderia fazer isso tranquilamente isso. Então aqui vai uma lembrança pras pessoas que fizeram do meu 2023 um ano mais feliz:
“Maria Alice, Diego Lugano, Gustavo, Nico, Gustavo Emanuel, Edisio, João Victor, Isadora, Edmundo, Kelly, Eduardo, Sphia, Fernando, Luan, Penélope, Carlos Eduardo, Gisellynha, Marcos Vitor, Sávila, Dinelly, Letícia, Emilly, Cecília, Geovanna, Pedro, Cristhofer, Letícia Castro, Cìnthia, Tainá, Jackson, Everton, Giselle, Adam, Miza, Nicolas, Max, Ângela, Pedro Silva, João Vitor e a Sulamita (que nem era dessa turma)...
Vocês me fizeram professora! Vocês foram a energia que eu precisei quando achava que não ia dar conta, nem mesmo da minha vida pessoal. Quando achei que poderia decepcionar a mim mesma, vocês estavam lá sentadinhos ouvindo o que eu tinha pra falar, acreditando em mim, nos meus estudos, nas minhas horas dedicadas ao projeto que eu tive tanto cuidado pra fazer e pensando sempre no bem-estar de vocês aprendendo algo que eu sei que, mesmo que vocês não percebam a curto prazo, vocês levarão pra vida e vão lembrar, eu sei que vão lembrar.
Só eu sei quantos momentos felizes eu perdi (e escolhi perder) pra me dedicar à construção da minha carreira. Eu tive uma decepção amorosa onde achei que minha vida ia acabar sabe? Isso é coisa que nenhum de vocês tem ideia, porque ces são novos e eu tenho fé que irão amadurecer o suficiente para não sofrerem por isso e nem desperdiçarem as oportunidades felizes que a vida vai dar à vocês. Eu já perdi muitas, mas pra que 2023 acontecesse e que eu estivesse com vocês, eu abdiquei de coisas que eu não sabia que ia sentir falta. Mas pasmem, vocês me fizeram ver que foi o melhor que pude fazer, principalmente por mim. Eu ganhei vocês.
Vocês foram luz na minha vida, no meu caminho, mesmo que em algum momento eu tivesse que intervir nas conversas paralelas e as brincadeiras dentro da sala de aula. Eu vejo as respostas que vocês me deram durante as oficinas e vejo que eu consegui e que posso conseguir mais, que aquilo foi só o começo e que em algum momento eu posso até fracassar, mas se um dia eu já acertei, sei que posso acertar mais uma vez. A vida é sobre isso: persistir. As chances de acerto não diminuem pelos erros que podem ser cometidos porque a gente pode criar novas chances. E saber que eu já acertei, e que vocês comemoraram comigo cada um desses acertos, me faz ter força pra continuar planejando mais formas de ensinar, de melhorar momentos no ambiente escolar, de tirar outras pessoas da monotonia da sala de aula pra aprender conhecendo coisas novas e nem tão novas, mas que não eram conhecidas antes.
Para sempre vocês serão meus meninos, as estrelas que vão brilhar por onde forem, independente do caminho que vocês escolherem seguir. E meu Deus, quando lembro que encontrei vocês querendo segregar-se de alguns colegas e chega o fim do ano, vejo todo mundo misturado, como uma família... Meu coração fica feliz e apertadinho, porque eu participei da evolução de vocês, eu vi isso acontecer e sei que o futuro de vocês pode ser brilhante, porque vocês são inteligentes, desenrolados e aproveitaram cada momento desse ano pra viajar, sair à campo pras aulas de geografia com a gente do PIBID, compraram minhas ideias pra aprender de uma forma diferente o que talvez vocês só vissem lendo livros didáticos ou resolvendo um TD em 50 minutos.
Meus meninos, não é porque um ano está acabando que ele vai morrer. As lembranças vividas ficarão sempre marcadas, vivas dentro da nossa memória e nossa, eu lembro de vocês todos os dias com tanto amor. Vocês não sabem o quanto a vida de vocês é importante, nem sabem quantas outras vidas elas impactam.”
A minha foi impactada, foi marcada, e eu sou só gratidão por isso. Em espírito, estou abraçando cada um, sempre que posso. Que 2024 vocês continuem unidos e se unindo a mais pessoas que lhes façam crescer, que lhes façam bem e lhes acompanhem por um bom caminho. Espero poder revê-los e dizer “nossa como você cresceu”, porque vocês são lindos, vocês são bons e vocês importam.
Eu amo vocês.
Assinado, Joice.
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