Conflitos e a consciência de ser

Certo dia perdido da minha vida, uma pessoa compartilhou comigo uma informação que eu não sabia que um dia ia me servir pra entender alguns momentos que vivi, e que ainda vivo.
Naquele instante a gente falava sobre cinema: sobre como é bom assistir filmes de terror, como existem filmes atualmente de diversos gêneros e como eles tem sido bem feitos, mas ao mesmo tempo o terror tem deixado a desejar. E em um momento aleatório, foi tocado em um assunto relacionado ao contexto que nossa vida (minha e do meu interlocutor) vinha se construindo, porque o ano ainda está no começo mas já aconteceram diversas situações que deixa qualquer pessoa em sã consciência em estado de reflexão. E essa pessoa me disse:
"Conflitos são necessários para a vida caminhar"
Nesse momento, me peguei pensando o que normalmente (creio eu) a maioria das pessoas acha sobre conflito: é necessário haver briga pra vida de qualquer pessoa se movimentar? Contudo, ainda com meu interlocutor, ele me esclarece a dúvida tão temida: "é o que mantém o público envolvido e interessado na história; sem conflito, uma história não se desenvolve, não existe". Foi como acender uma lâmpada em meio a um grande campo de escuridão. O conflito é a base de qualquer história, seja em cinema, teatro, apresentações de comédia, escritas dos mais diversos gêneros textuais. Há conflito em tudo, mas infelizmente a gente costuma pensar mais como ele sendo algo ruim. E hoje eu me pego surpresa por ter achado que conflito são coisas que devemos evitar... 
Ao mesmo tempo que essa pessoa me explicou o que é conflito, o quão ele é necessário, eu pude perceber que se na vida é sempre necessário um conflito para que ela caminhe/ande/cresça/se desenvolva, é importante lembrar que toda história tem seu protagonista. E da nossa vida, obviamente (pelo menos deveria ser) o protagonista somos nós, indivíduos na primeira pessoa do singular: Eu sou o protagonista da minha história, da minha vida, do meu existir, do meu viver. E de antemão, já deixo registrado como esse texto parece uma viagem, mas ao mesmo tempo é um momento em que tomo consciência do que eu sou. Ao mesmo tempo que descobri mais sobre conflito, dias depois me distanciei dessa pessoa que me foi uma "virada de chave"; foi um contato breve, mas agora vejo quão necessário foi, mesmo que por 2 dias de conversa. Hoje entendo bem que conflitos nem sempre são ruins, porém são essenciais. 
Desde segunda-feira eu sinto que estou vivendo no modo automático. Algumas situações não tão boas aconteceram pra que eu ficasse preocupada, triste, cancelasse compromissos que pra mim são importantes mas que não faziam o menor sentido ir e estar somente de corpo presente. Eu ia encontrar meus amigos pra jantar, mas seria extremamente triste eu encontrá-los e não esboçar o quanto é bom estar com eles, com tanta preocupação que minha cabeça estava cheia. Hoje, 2 dias depois, já me sinto melhor, mesmo que com o problema não resolvido. O mais importante eu constatei: coisas desse tipo acontecem, são os conflitos, que movem a vida, que independente de serem bons ou ruins pra gente, acabam vindo para algum tipo de aprendizagem.
Sinto que sempre que escrevo sobre "aprendizagem" eu tô sendo clichê; falando que de toda situação que vivemos, temos que tirar uma lição, algo bom, ao menos uma experiência para saber como agir ou não agir futuramente. Mas esse clichê é real. São a partir dessas vivências que eu tenho tomado a consciência do que eu sou, e consequentemente, venho sentindo o quanto eu sou necessária nesse plano terrestre, pras pessoas com quem eu tenho algum contato mesmo que virtualmente, pras pessoas que estou conhecendo ou mantendo contato nessa fase da minha vida e nos novos projetos que estou integrando (sejam eles na universidade ou na escola que estou estagiando).
A consciência de ser faz com que a gente tenha pés no chão e o pensamento sempre voando, mas não a ponto de tirar nossa razão e dar voz à emoção. Ontem fui ao psiquiatra e consegui mais uma vez perceber que, apesar de não ter conseguido reduzir a dosagem do medicamento como sempre quis (o famoso "desmame"), eu consigo discernir quando estou bem, quando estou entrando em uma possível crise, como controlar meus pensamentos borderline e como controlar meus sintomas, por mais minúsculos que sejam, até os mais ferozes. Não posso dizer que me sinto uma expert, mas me sinto no controle de mim mesma, do que eu sou, das minhas ações, e com isso, venho conseguindo ser quem eu realmente sinto que sou: uma pessoa saudável psicologicamente. 
Sei que nem sempre as pessoas vão me entender; nem sempre eu vou fazer uma boa colocação de palavras numa frase e isso pode confundir as pessoas quanto à interpretação do que eu tentei falar, isso é algo que venho tentando constantemente melhorar (desistir jamais); por mais que eu me encontre estável, sempre existirão os baixos, mas o que conta é como eu vou me comportar no meio do vale das sombras. E quem vai estar ao meu lado também.
Sobre pessoas, talvez eu ainda não seja a melhor das criaturas pra me relacionar com o ser humano, mas Deus e as forças do universo vem colaborando para que eu tenha sido feliz com elas. Parece que venho aprendendo bem a lidar com as pessoas, abraçando confortavelmente, beijando bem, sendo carinhosa na medida do possível, conversando e me explicando de uma forma que não é maçante, e nem agredindo/confundindo/ofendendo ninguém sem querer. 
Hoje eu sou grata pelos conflitos que eu enfrento, que acontecem na minha vida. Isso tem sido suficiente para que minha consciência trabalhe, que eu seja uma pessoa melhor, para mim e para as pessoas que eu amo.

Assinado, Joice.

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