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Mostrando postagens de junho, 2024

Sobre paz

Talvez eu não veja a escrita como um "talento", como algumas pessoas dizem que eu tenho. Desde criança eu vivia para instruções: o que assistir, o que ler, o que aceitar pra comer, o que não fazer, a quem evitar, a sempre respeitar e não ter tanta vontade de nada. O tempo me fez aperfeiçoar uma instrução. Com o passar dos anos, a escrita me levou a lugares de reconhecimento, mas ao mesmo tempo esse reconhecimento era duvidoso porque eu era filha de quem era, então na verdade eu não tinha tanto crédito assim, talvez. Mas eu devia ser boa em algo, não é verdade? Então eu me dedicava à leitura e a escrita. No ensino médio eu era uma pré-adolescente carente que queria ser amada, e imaginava sempre alguém me amando ardentemente, cedendo às minhas vontades, meus anseios de carinho e atenção, que fizessem eu esquecer do vazio que eu sentia em casa, dentro da minha família. Ok que não foi exatamente isso que aconteceu durante os próximos sei lá, 5 anos adiante. Até ter meu primeiro n...

O suco do caos

As vezes, percebo a vida como um metrô: o puro suco do caos. Até chegar no metrô, se percorrem caminhos abertos, calmos, onde sente-se um pouco de vento. Ouve-se o soar dos automóveis, das motocicletas, o ruído de outras vidas em movimento. Quando enfim chego na estação, já tem algumas filas formadas, até calmas. Mas quando o metrô chega, já tá praticamente lotado e ainda enche mais. Mais. Mais. Mais. Mais. Cada vez mais. É assim que eu me sinto quando a ansiedade bate à porta. Não me recordo quando comecei a ter episódios frequentes de ansiedade, se quando adolescente, pré-adolescente ou já na juventude. Só sei que à mesma medida que dizem que "cada um de nós é um universo", é sempre bom lembrar que dentro desse universo nada é homogêneo e isso implica dizer (e consequentemente recordar) que existem coisas que vão funcionar muito bem, bem, bem porém nem sempre, nem constantemente e coisas que nunca vão fazer sentido dentro desse "universo", funcionando sempre mal. ...

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma sombra.  Tinha uma sombra no meio do caminho. Não era uma sombra qualquer,  mas aquela maldita sombra. Aquela sombra no meio do meu caminho... A cidade parece tão grande as vezes, que mal me passava pela cabeça ter que suportar tal desconforto com certa frequência. Já não bastasse o tempo de omissão que causei à mim mesma desse assalto, o temor de reencontrar meu algoz com a expressão mínima de arrependimento se tornou minha mais nova sentença. Não sei quanto mal eu andei cometendo por essa vida ou até mesmo as anteriores, quantas vezes fui maldizente, mas toda vez que essa sombra transpassa meu caminho, é como se uma faca navalhasse minha consciência... Talvez demore pra esquecer esse acontecimento, que se alimenta da minha paz de espírito, trazendo recordações nada especiais de um ano atípico.  Jamais esquecerei os dias de luto, as dores latentes no peito esquerdo que se espalharam pelos pulmões, me deixando sem ar. Completamente sem ar. E c...

Ali eu percebi

Eu já quis enfrentar o mundo, ir contra tudo e todos na tentativa de provar que eu sou bem mais do que pensam e desmistificar qualquer comentário depreciativo que já fizeram contra minha pessoa. Mas eu vi que todo essa vontade não tinha um lado positivo. Com o passar dos anos, ao invés de acelerar, eu fui diminuindo a velocidade e com mais tempo, pude perceber coisas que antes nem sabia que existiam, muito menos sabia que faziam algum sentido.  No último domingo me peguei admirando um céu variando de cinza a preto, com uma leve pincelada de laranja (porque cores quentes dão um toque caloroso nas pinturas escuras). E no chão, um monte de formiguinhas carregando comida em fila única. E sinceramente, elas só se preocupam consigo mesmas, com quem compartilha da mesma luta, da mesma rotina, no seu próprio ritmo, talvez porque vivendo a mesma rotina, vejam que aquele ser que tá ao seu lado vai poder te entender. Ali eu percebi muita coisa...  Pensei: "Por que me preocupar tanto em p...

Hey, vem aqui...

Vem, senta aqui pra eu te contar uma coisa. Você não precisa ser a pessoa perfeita, a que nunca errou, a que não decepcionou ninguém, a que foi sempre um bom exemplo citado à mesa durante um almoço de família. À princípio, lembre-se que é bom pra você mesmo ser uma pessoa gentil. Sabe quando você sai de casa e vê aquele pessoal todo correndo, apressado e de cara amarrada? Vai por mim, um “bom dia” sincero mudaria qualquer semblante aborrecido. A gentileza é uma virtude que anda meio escassa nos nossos dias, no mundo todo. Já pensou quantas pessoas já desistiram de dar um passo importante ou que fizesse a diferença na própria vida, pela falta de empatia ou amabilidade que os outros vêm deixando de ter? É duro. Então, por que não pensar em começar por você mesmo? Seja gentil, principalmente consigo mesmo. Pera, deixa eu te contar outra coisa... Ser perfeito é algo utópico. Então pense pelo menos em ser uma boa pessoa, principalmente para quem está ao seu lado e lhe quer bem. Tantas vezes...