Prioridade no hospital
Na segunda eu fui visitar o hospital, mas antes disso muita coisa aconteceu (porque enfim, eu sou a Joice).
Minha mãe passou o fim de semana comigo, foi tudo muito feliz, mesmo que eu estivesse passado desde quarta-feira com uma dor estranha saindo da virilha. E o engraçado é que eu já tinha sentido aquela dor, só que a 8 anos atrás quando operei da coluna. Era o meu ciático.
Entre idas e vindas ao shopping, ao centro (centro e fashion), aula online, falha nas fotos de formatura (pela segunda vez), eu vinha passando com minha dorzinha de boas. Até chegar segunda-feira, quando ela amanheceu mais latente. Fui com minha mãe resolver umas questões dela e quando voltamos, ela dormiu um pedaço antes de virem pegar ela. Quando ela saiu, eu já não tava aguentando mais, e nem bolsinha de água quente tava resolvendo. Mas antes de prosseguir com a saga do ciático, eu devo contar um detalhe: passei o dia conversando com uma pessoa que é simplesmente A CARA do Satoru , protagonista do meu anime favorito (Boku dake ga inai machi para mim - Erased para todo mundo). Então vou chamá-lo de Satoru por aqui e se um dia ele ler isso, espero que se sinta especial, porque o Satoru pra mim vai além de um personagem :)
Eu e Satoru conversamos o dia inteiro, sobre tudo e qualquer coisa: trabalho, faculdade, nossos problemas psicológicos, nossos remédios, o que eu estava fazendo, o que ele estava fazendo, entre outras coisas. Então agora que vem a parte "engraçada" da história: eu transmiti toda minha ida ao hospital pro Satoru kkkk Enquanto ele tava no trânsito, voltando pra casa do trabalho, eu tava passando pelo viaduto do Makro indo pro hospital. Ele não sabe, mas minha carteirinha não funcionou e eu tive que passar um pix pro motorista com o valor da minha passagem. Foi um ótimo momento para o sistema de recarga de cartão não funcionar, mas deu tudo certo no final e eu cheguei no hospital.
Tinham 60 pessoas na minha frente mas a coordenadora do hospital viu que eu tava com uma dor insustentável, sem conseguir levantar a perna e me colocou como prioridade. E sim, eu consegui ser prioridade no Hapvida ao menos uma vez na vida! O médico tentou levantar minha perna e eu gritei, porque realmente estava insustentável e lá vou eu tomar N injeções (acho que foram 3 ou 4). Devo ressaltar que pra uma segunda-feira, o hospital tava lotado? Mas não lotado de pessoas calmas e sim desesperadas, decaídas, estilo fim de guerra. Tinham muitas cadeiras de rodas (inclusive fui carregada em uma, porque tiveram dó de mim), pessoas enroladas com lençol, casaco (aparentemente com febre) e reclamando de demora (como sempre, né?). Depois que a medicação acabou, ainda tive que esperar 40min pra ver se surtia efeito e caso não, deveria retornar ao médico pra pedir uma nova injeção.
Enquanto eu esperava, lá estava eu com Satoru no telefone. Eu devo também ressaltar que quando saí de casa, meu celular estava com 30% de bateria e então levei carregador pra qualquer eventualidade. Considerando que talvez Satoru tivesse algo pra fazer quando chegasse em casa e sabendo que eu sou somente uma nova pessoa (que ele conheceu naquele dia praticamente), a gente talvez não fosse manter conversa e levei meu kindle pra dar uma adiantada no trabalho de filosofia. Contudo, Satoru continuou falando comigo durante toda minha espera e eu achei isso super fofo, mesmo que eu tivesse o conhecido há algumas horas (e ainda estou conhecendo). E falamos de como um encontro romântico no hospital seria interessante (ele achou e eu também acho, foda-se), dos nossos relacionamentos passados, do pessoal que tava brigando na sala de medicação, de como eu cheguei rápido no hospital (mesmo que de ônibus), de gastrite, de um ter futricado as fotos do outro no instagram, de eu ter ficado com a visão turva por causa de uma das injeções, dele estar dopado de alprazolam e assim foi passando o tempo.
Eu tive que tomar a outra injeção, porque ainda tava doendo um pouquinho, mas dessa vez foi rápido. Não precisei pegar no kindle, nem inventar fanfic com os casais que estavam esperando para um dos dois serem atendidos lá. Vi muita briga, muita gente passando mal, médico indo pra sala de medicação, gente passando mal por causa de contraste pra tomografia e técnicos de enfermagem legais, mesmo que (como um deles disse) os portões do inferno estivessem abertos ali naquele momento.
Voltei pra casa em paz, conversando com Satoru e no final do dia, eu fui dormir mais grogue que ele, que tinha tomado calmante. Se eu pudesse dizer algo pro Satoru agora, é que dos melhores e piores dias, a gente só guarda lembranças no final das contas e resolvi escrever sobre esse dia porque foi memorável. Sinto que tenho um novo amigo virtual (segundo ele, virtual "por enquanto") e que me identifico muito com ele, em muitas coisas. A forma como ele é transparente comigo, como ele se abre comigo e como me deixa confortável para fazer o mesmo, isso fez e faz muita diferença pra mim agora. E eu adorei saber que ele tem um cachorro chamado Biscoito kkkkk Hoje o Biscoito e a Ártemis se conheceram por vídeo, mas seria interessante se um dia eles se conhecessem pessoalmente e virassem amigos.
Os dias vão seguindo seu curso naturalmente, eu vou tentando fazer aos poucos as minhas obrigações, as vezes achando que estou lenta mas entendendo que sair de uma crise não é fácil. O ciático acalmou, mas uma parte da minha perna segue um tiquinho dormente, mas sem dor (é o que importa). E se a dor voltar, eu tenho receita para tomar uma nova injeção e remédios pra relaxar. Como eu disse ao Satoru, eu não tenho o porquê achar ruim tomar remédios se eu preciso, seria pior se não existisse o remédio para o mal que me acomete. Já estou com saudade da minha mãe, mas tenho fé que logo logo agosto virá e nos veremos novamente. Meus colegas estão viajando à campo e quando vejo as fotos deles, lembro do começo da graduação passada, de como as coisas eram novas e encantadoras, mas nem tudo são flores e vieram os perrengues kkk (deixa eles descobrirem sozinhos isso). A sorte de tudo isso é que estou sem aula até quinta e fico a noite em casa aproveitando a Ártemis estressada com os vizinhos que adoram ela, não entendo como ela tem medo deles...
Talvez a Ártemis seja como eu, que acha estranho ganhar carinho de alguém quando já apanhou de outro alguém na vida. Os animais são como nós, só que nós somos um pouco mais racionais que eles, ou não.
Ah. Satoru, eu adorei te conhecer. Espero poder vê-lo pessoalmente um dia :)
Assinado, Joice.
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