A sensação do nada

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É domingo a noite, e você com certeza sabe que sensação é essa.
Só o que eu consigo sentir agora é uma dor de cabeça imensa. Um pouco mais cedo estava escrevendo sobre os dias de paz que eu vinha sentindo, mas parece que o universo gosta de me testar, de me desestabilizar, assim com a minha mente e algumas pessoas.
O meu peito tá doendo, a vontade que eu tenho é de chorar. Vi o crepúsculo e com ele, uma aflição esquisita. E sei lá o porquê que eu fico logo associando coisas na minha cabeça, mas o que eu mais queria era sentir a paz a qual estava escrevendo mais cedo.
Agora eu só queria rasgar o meu peito pra preencher o vazio que tô sentindo, sanar um pouco essa dor e a sensação de ser uma grande idiota. Tentei ter um dia produtivo, mesmo que fosse um domingo... O sol saiu com tanta força, que eu quis aproveitar minha boa energia somada aos efeitos dos meus medicamentos. Mas sei lá, parece que agora tudo que eu fiz hoje não valeu de nada, mesmo que eu tenha feito algum esforço. Me sinto uma completa imbecil.
Queria poder traduzir em palavras o que eu tô sentindo agora, mas a única sensação que tenho é a do nada. De não ser nada, de não me sentir pertencente a nada, de não ser amada, de não ser lembrada, de não existir nesse mundo que eu tô viva, vivendo. Ou tentando viver.
As vezes tenho a impressão que a tentativa de ser "normal" é sempre falha. Eu acabo sempre sentindo mais do que devia, mais do que queria, mais do que os outros ao meu redor. E eu só queria realmente ser um nada agora, pra não sentir nada, não me arrepender de nada, não estar tremendo por nada, não estar pensando nada. Mas só o que acontece agora é um pensamento atrás do outro, meio que de modo descontrolado.
Talvez eu devesse praticar a respiração 4 - 2 - 6 e ir dormir, ou tomar um calmante e ir dormir, ou tomar um sedativo, capotar e acordar com a sensação de ter sido atropelada por um caminhão. Sei lá, fazer qualquer coisa que faça essa dor passar, essa vontade de chorar desaparecer. 
Como eu queria realmente viver a sensação de não sentir nada agora.

Assinado, Joice.

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