Sobre forças divinas

Mais um dia vai terminando, e o sentimento é que eu estou viva hoje por misericórdia de alguma entidade que tem muito carinho e amor por mim.
O mês de fevereiro foi muito, muito ruim. Acho que nunca tinha sido desse jeito antes. Nunca havia me questionado tanto sobre minha existência, minha resistência e os motivos de continuar tentando, lutando e pensando em recalcular minhas rotas. No mês de janeiro recebi o diagnóstico de rinite e até aí tudo bem, o problema foi a primeira crise que eu pude constatar que aquilo era a rinite. Segundo meu psicólogo, meu psicológico estava abalado por estar passando pela fase de visitas em casa, cobranças e autocobranças, mudanças no trabalho e fim de semestre da faculdade. Esse combo foi crucial pra que sei lá, meu corpo emitisse um alerta de “PARE”, mas do modo dele (o que não foi nada legal). É o que dizem, se você não para, algo vai parar você.
Achei que meu nariz não sobreviveria, quem dirá eu mesma. Já tava virando cadeira cativa no hospital, na medicação, nas farmácias do bairro e por fim, consegui passar por um especialista que me passou mais de meia dúzia de remédios, pra tomar por 3 meses. De bônus, tive que ir ao psiquiatra e reabastecer meu estoque de antidepressivos e pedir auxílio pra ter mais foco nos próximos meses com o TCC. É doloroso você saber o que fazer, mas não ter capacidade mental pra fazer e acho que não sou a única que sente isso, por isso acho legal explanar e dizer que sim, tudo bem você tomar remédios pra algum problema que você não consegue resolver. Se tem como você ter auxílio, aceite, isso pode salvar você.
O borderline decidiu me visitar mais vezes e me senti instável depois de semestres sem um “desequilíbrio” que ameaçasse minha sanidade. Em fevereiro eu fui testada, não por outras pessoas, mas pela minha própria cabeça. Pode parecer vitimismo isso que tô falando, mas só quem tem um transtorno mental vai me entender, que as vezes sua cabeça não funciona a seu favor e você sente dor por isso, porque nós não somos um diagnóstico, existe uma essência para além de sintomas que vão surgindo nos nossos dias. O meu maior medo é deixar minha essência pra trás e por isso, eu adotei uma agenda que vou escrevendo várias coisas boas que vão acontecendo comigo, que me lembrem o quanto eu sou boa, o quanto eu sou necessária no mundo, o quanto é importante eu aproveitar essa chance que o universo me deu de viver essa época, esse ano novo, esse novo ciclo.
Hoje em dia eu não sou adepta de nenhuma religião, mas acredito em Deus, acredito nos bons espíritos, em anjo da guarda, em pretos velhos, orixás e na própria força que o universo tem. E sim, alguma dessas forças me quis viva, me deu impulso para resistir, me direcionou ajuda quando eu não sabia como comprar tantos remédios ou ficar calma. Ao mesmo tempo que sinto o mal querendo me afetar, algo ou alguém me quer viva.
Eu sobrevivi. E tenho fé que continuarei melhorando.
Não desista de você.

Assinado, Joice.

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