Sumiço por sumiço

Dei umas paradas na estrada, talvez pra olhar mais a paisagem e me situar na vida.
Deixei pra trás alguns comportamentos, algumas dúvidas e outras indagações vieram de encontro ao meu eu, com um foco maior em mim do que em qualquer outra pessoa. Se fosse uns meses atrás, talvez eu considerasse isso um ato de egoísmo, contudo o meu GPS interno deu uma regulada, dando um sentido diferente nos meus caminhos.
Esse último mês foi tão corrido que nem lembro a última vez que parei pra escrever algo que eu sinto. O que lembro é que cheguei a escrever no papel, não tanto como gostaria, mas escrevi. Tento sempre deixar esse meu costume vivo, pra que não se perca como já se perdeu algumas vezes. Voltei aos costumes de Joice de 20 e poucos anos que quando encontrava um pedaço de papel, começava a riscar, a pensar, a anotar qualquer coisa que viesse à mente. E nisso eu fiquei pelos papéis.
Fiquei pelos papéis, pelas sessões de terapia, pelas críticas diárias e esforços no trabalho. Fiquei pelo estágio supervisionado, pelos corredores da escola, de dia e de noite, pela vida dos estudantes das turmas que passei, ouvindo os relatos do cotidiano de cada um, vendo o esforço de cada um e os lamentos também. Fui me encaixando em uma vida que não era a minha, e que talvez foi até melhor pra vivenciar minhas escolhas, porque afinal, impactar a vida de outras pessoas implica saber como a vida destas funciona, ou como elas estão no ambiente em que nos encontramos. Fiquei pelos sorrisos dos alunos do trabalho, pelas risadas já amadurecidas, pelos cafés que eu nem podia tomar e tomei, pelos chás que comecei a tomar e biscoitos que comecei a enjoar. Fui variando de almoço, de ares, de pensamentos e até pra academia voltei (com muita luta, mas voltei). Adoeci, tomei um monte de remédios tentando me curar e ainda não tô 100%, mas o pouco que falta pra isso tá perto e preciso de paciência.
Sumir da internet foi um processo que agregou mais na minha paciência. As vezes pra gente dar dois passos pra frente, é preciso dar um passo pra trás e dar uma parada pra ouvir o que os outros tem a dizer, mesmo que a gente tenha opinião própria bem definida. Nada é engessado, e quando se fala da vida de um professor, acho que é uma das mais versáteis que eu conheço, seja quando falamos de metodologia de ensino ou de experiências. Todos os dias eu ganho um pouquinho mais na minha trajetória de vida, e as minhas experiências ficam orbitando na minha mente, nos meus dias, antes de eu dormir ou até mesmo quando eu começo a acordar no dia seguinte. 
A rotina foi mais do que metódica nos últimos 3 meses. Lembro que entrei em processos de implosão, de reflexão e até quase surtei. Chorei, me desesperei, me decepcionei e achei que não ia dar conta de nem metade das coisas que eu tava fazendo, mas acabei conseguindo esse feito. Então, o que ainda falta eu dar conta, sei que posso conseguir. E sei lá, num impulso de gente que acha que a internet ainda pode influenciar a vida, coloquei no story do instagram que as pessoas me mandassem um "você consegue" pra alegrar minha semana, e ganhei um bom número de "você consegue". Acho que não preciso ter mais tanta dúvida de mim.
Sumir é bom de vez em quando, a gente pensa mais no que acontece do lado de fora, as pessoas que se importam aparecem procurando saber de você, dizendo que precisam lhe encontrar, beber alguma coisa com você, conversar, sair, almoçar ou até "marcar de marcar". Sumiço por sumiço, eu amadureci muito, pensei muito, matutei muitas ideias e medos. Tô prestes a encerrar mais um ciclo e meu coração já sente um leve aperto. 
Espero que passe logo, pra talvez eu aparecer mais com coisas aleatórias e que talvez me façam sumir novamente.

Assinado, Joice.

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