1 mês e...
... 3 dias.
Nunca na história da minha existência eu imaginei que ia passar tanto tempo confinada em casa. Tô me sentindo realmente num Big Brother, só que sem chance de ganhar 1,5mi de reais. Quando fico pensando no tempo que eu e mais milhões de pessoas estão perdendo (ou ganhando) com toda essa tensão, psicológico abalado, ansiedade, taquicardia, falta de terapia, consulta com psiquiatra, aulas presenciais, etc etc e tal, eu só posso suspirar. Porque eu só consigo suspirar mesmo, não tem mais nada que eu possa fazer. Eu poderia aproveitar esse tempo livre e escrever um livro, um romance, um conto, uma novela ou qualquer coisa que pudesse me dar um futuro esplendoroso quando acabasse toda essa quarentena (inclusive meu TCC né, já que minha mãe tá me pressionando tanto a fazer isso), mas eu não tô conseguindo. Tem dias que eu só consigo dormir o dia todo; dias que eu acordo com uma dor no estômago como se a dor tivesse acumulada de dias e dias; dias que eu acordo angustiada ou agoniada ou com taquicardia que não passa, então tomo meu calmante; e tem dias que eu tomo meu limite de calmantes e minha mãe fica "já tá tomando remédio de novo?".
Bem, tem pessoas e tem pessoas. Algumas coisas eu tenho aprendido nesse tempo de confinamento, as quais eu não posso abranger aqui por enquanto (mas quem sabe, futuramente, para esclarecimento próprio no futuro, quando eu ler novamente o que eu escrevo, porque acabo lendo um dia), mas tô aprendendo na marra e na convivência que minha família não me faz bem e infelizmente eu tenho que compartilhar isso com qualquer pessoa que venha a me conhecer.
Desde já, isso pode deixar com uma lacuna aberta sobre mim em sua cabeça, querido interlocutor que me lê agora, porque a maioria dos filhos que não gostam dos pais ou tem alguma "implicância" com eles (como a maioria das pessoas leigas costumam dizer, quando não conhecem o que realmente acontece) é dado como mal filho, ou como "o revoltado", "a ovelha negra". E infelizmente eu tô dando minha cara a tapa aqui, a partir do momento que exponho meu sentimento. Desde já afirmo que pesquisei a fundo sobre essa questão e só preciso de algumas poucas confirmações com meu psiquiatra e minha terapeuta, mas todos os sintomas e situações confirmam que isso tudo é algo tóxico e que não faz bem pra minha saúde mental e meu bem-estar. Isso talvez tenha me comprometido até agora, mas isso não me faz odiar ninguém. Entretanto, essa quarentena compartilhada aqui em casa tá me sufocando quase por completo.
Já chorei, já deu vontade de gritar, já fiquei no escuro dentro do banheiro porque não me sentia bem em qualquer outro lugar na casa, já quis sair de casa e procurar refúgio em outra casa, já dormi no chão, no sofá e já acordei de madrugada, já tomei remédio pra insônia e não consegui dormir e já dormi além da conta, me deu muita fadiga, falta de vontade de nada, crise de depressão e minha mãe mais uma vez pedindo pra eu reagir. Gostaria tanto que ela procurasse ouvir um psicólogo pra ele dizer que não é fácil essa situação, mas acho que ela não tem coragem porque talvez saiba que vai ouvir mais que isso.
Só o que se ouve é que ninguém vai sair normal após essa pandemia de coronavírus, e realmente não vamos. Se vamos sair traumatizados, felizes, aliviados, esperançosos, mais caridosos, não sabemos, mas diferentes nós sairemos. O que de fato eu sei é que já faz tempo que eu mal sinto a luz do sol no corpo todo. Hoje fui ao supermercado e a fila da lotérica tava dando volta na farmácia (que fica na esquina) e o supermercado não tava tão cheio, graças! Agora só falta passar um tempo sozinha pra poder conseguir pôr minha energia em ordem, é o que eu mais quero no momento. Tô me sentindo desequilibrada mentalmente, "energiosamente" e sem esperança de ver algum psiquiatra até o final dessa quarentena :(
Que todas as forças superiores estejam do nosso lado nesse momento, que a desencarnação das pessoas seja sem sofrimento e que as almas sejam acolhidas com muito afeto no plano espiritual. Nós continuaremos aqui enquanto Deus quiser, esperando por dias melhores.
Assinado, Joice.
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