Mais que um talvez

Em algum lugar, eu sei que sou mais que um talvez, uma opção ou uma rara lembrança.
Enquanto isso vai caminhando pelos meus pensamentos, vou aos poucos desbloqueando minha criatividade, vou pensando nas minhas próximas viagens e ansiando os próximos feriados, que estão longe, eu sei, mas estão por vir.
Acho que já falei por aqui, mas enfim consegui ficar sem rede social e até escrevi em algum dos meus papéis ou cadernos que aquilo tava tão tóxico pra mim, que não sei como medir aquilo. Eu via tanta gente sorrindo e eu me perguntava o porquê de eu não ter um motivo pra sorrir daquele jeito, e esse tipo de pergunta se repetia para: vontade de sair, de beber, de ir ao cinema, de colocar os pés na calçada, de ter um namorado, de ser abraçada, beijada, mimada e exaltada por ele e enfim, ele nem existe kkk então não teria mesmo como eu manter algo daquele tipo poluindo minha vida, até porque não é meu foco.
Eu acho muito fofinho quem tem alguém, não posso negar, mas sei lá, acho que o que me rodeia não me proporciona isso e a internet tava me bombardeando de coisas utópicas, sendo que isso era um talvez maior que minha própria altura, não cabia nem em mim e estava doendo. 
Eu não tinha e nem tenho obrigação de doer daquele jeito. O que eu tenho que fazer no momento é mais que um talvez, é científico, é algo que me compromete dentro do meio acadêmico, que constrói minha profissão e consequentemente meu futuro. O que eu tenho no momento, eu creio que me dê forças pra continuar a vida como está sendo, mesmo que eu não receba esses amores que acabo vendo na TV, mesmo que teimosamente (porque eu preciso ligar é o notebook, ler e produzir, produzir algo que vai ser minha vida pelas próximas décadas).
Isso também me faz lembrar que é chato ser um talvez e quantas vezes eu fui um talvez e o quanto isso causa um vazio dentro de mim, mesmo que eu esteja repleta de coisas pra fazer. Lembro que minha mãe nunca baseou a criação minha e da minha irmã em contos da Disney, ou seja, não crescemos achando que um príncipe encantado iria nos encontrar a uma certa altura da vida e olha, esse ano mesmo eu fui assistir A Pequena Sereia com minha mãe no cinema e realmente achei que ela ia se tornar espuma do mar, porque essa foi a história que eu li quando era criança. Mas enfim, é Disney né gente, ninguém ia querer ver as criancinhas chorando em histeria porque a Ariel morreu pelo simples fato do príncipe não querer ela. Só que... eu lembro quantas vezes eu já quis deixar de existir quando gostei de alguém e esse alguém não me quis também. Grande plot twist da vida.
São 14:24h, o céu tá tão azul, mas tão azul que dói na vista e eu já vou atrás da minha 3ª caneca de café. Já fiz minha faxina, lavei minhas roupas, a louça, as francesinhas estão praticamente vencidas e a cozinha livre delas. A Ártemis quis brincar mas eu tive que dizer que não era o momento, eu preciso escrever e não era isso aqui que eu precisava escrever (então, procrastinando hein, mulher?).
Eu sei que isso aqui, mesmo que seja só dentro de casa e daqui uns dias indo à escola, vendo meus meninos, os professores, disputando uma xícara de café na hora do intervalo, me matriculando pra mais uma disciplina na faculdade e começando as aulas, são as únicas e necessárias certezas que eu tenho, fora minha família que tá lá e a Ártemis e o Jorge. Muito texto pra ler, muita coisa pra pesquisar e escrever. Nada de talvez... o que eu preciso são de certezas.
E eu também mereço ser tratada como uma.

Assinado, Joice.

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