Meleth

No idioma dos elfos, amor.
Nunca mais eu havia falado de amor por aqui, nem em qualquer outro papel que esteja espalhado pelo meu apartamento. Tenho tantos cadernos e bloquinhos, carrego algum sempre comigo pra onde quer que eu vá, porque a vontade de escrever é como um chamado dos céus, como um vento em dias quentes por aqui, como um espírito que clama por socorro a um médium: não se espera, simplesmente vem como um rebento, do nada e ao brotar, espera-se que se acolha. E eu acolho cada palavra como posso.
Não tenho estado numa fase favorável para amor afetivo por alguém, nem tem ninguém me amando ou gostando de mim (pelo menos não tem chegado nada à mim). O coração tem estado morno, aquecido pelo café, pelo pulsar das notas tocadas nas cordas do violino e ouvidas pelos fones de ouvido. 
Música sempre está presente e sempre me deixa viva, é um dos atuais significados de amor pra mim.
Mas ainda sobre qualquer tipo de amor por pessoas e sobre o que ele signifique: eu sempre vou querer sentí-lo, talvez sempre irei ter um espaço na minha vida pra ele, por mais que eu venha a dizer que não quero. Espaço para o amor em mim nunca falta, e quanto mais amor eu dou, mais ele se multiplica. É engraçada esssa matemática insana que habita a alma, a mente, o corpo da gente.
E ultimamente tenho sempre tempo pra me amar um pouco mais. Ainda é esquisito pra mim falar sobre isso, mas tenho tido mais cuidado ao me vestir, ao usar hidratante, cuidar do cabelo, ao combinar as roupas que uso pra não parecer uma maluca na rua e nem desleixada, talvez uma versão melhorada de uma Joice de 20 anos, o que não é nada mal. Mas uma verdade vos digo: quanto mais nos tratamos com amor, mais fica nítido do que queremos para nós, o que aceitamos e principalmente o que não devemos aceitar.
O amor, ele é uma linguagem clara, nada complicada. Ele não nos faz sofrer e se faz sofrer, não é amor; é tudo, menos amor. Amor é cuidado, carinho, atenção. Amor é lembrar de quem somos e quem o outro é; do que gostamos e do que ele gosta; do que não gostamos e do que o outro não gosta e não fazer o que não gostamos e muito menos, não fazer o que o outro não gosta. Amor é simples, porque a vida já é complicada por si só e se complica, é um joguinho barato ou desinteresse, gente que não sabe o que quer e quer te deixar na reserva. Eu não mereço ser reserva de ninguém, nem você.
Amor é um gesto simples, é um olhar carregado de significados, é um ombro amigo e o abraço que muitas vezes esperamos o dia todo pra ganhar, ou a voz que tanto queremos ouvir, já que nem sempre podemos estar perto de quem amamos. Amor é um "eu lembrei de você", um bombom quando há o encontro, abraço demorado, cheirinho no cangote e até mesmo o sorriso quando sente o cheiro da pessoa no inconsciente, porque quem a gente ama marca de um jeito... 
Amor é admiração, é agradecer por tudo que se viveu pra chegar até aquele momento, independente dos obstáculos, porque como eu disse, a vida já é cheia deles e a gente tem que ter por perto pessoas que deixem a vida mais simples, com o ar mais leve, com vontade de distribuir sorrisos e não lágrimas. Mas amar também tem dessas, de chorar com quem se ama, não por brigar, mas por compartilhar dos momentos que a vida dói, machuca e o outro é o curativo, é o conforto. 
Amor está nos lugares mais sutis e as vezes isso é triste, porque tem gente que não percebe e deixa escapar. Tem sido algo tão raro ultimamente que se fosse eu, ficaria atenta como se procurasse um pokémon raro. Talvez eu nunca saiba explicar sobre minha vontade incessante de escrever sobre amor, principalmente por não ter alguém a quem amar no momento, beijar, abraçar, me declarar, dedicar palavras tão cheias de afeto e carinho, caprichar no meu melhor perfume e estar de prontidão para atender às suas necessidades de companhia... mas eu sou amor. Eu sou o amor. 
Eu sou o amor, mesmo que hoje em dia o amor de onde eu tenha vindo não faça mais sentido. Eu sei que Joy quer dizer "alegria", mas quem não está alegre quando ama? Eu sou o amor.
Eu sou o amor, e amo mesmo sem saber alguém que talvez eu nem conheça ainda (ou já conheço) e terei essa pessoa como grande companheira da minha vida, de aventuras, viagens, programas caprichados ou fúteis num fim de dia cansativo, dando massagens antes de dormir pra no dia seguinte acordar e tomar café juntinho, com cachorrinha e gatos pela casa (por favor, gatos). 
E espero que goste de Senhor dos Anéis também.

Assinado, Joice.

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