Inesperada visita
Nas últimas semanas tenho acordado durante a noite, por volta das 3 e pouco da manhã e excepcionalmente nesta madrugada, estava chovendo. Decidi ver como o Maurílio estava, senti que além dele, estávamos com visitas. Entretanto não sabia que iria te encontrar na cozinha...
Não sei se você tem consciência disso, mas quando meu remédio pra insônia funciona, meu sono é satisfatório, uma pena que meu organismo só tem aceitado exatas 4h de descanso. O resto das horas que passo dormindo, nem sei como consigo. Levanto, dou uma volta pela cozinha, vou até a janela da sala e observo como está o movimento na garagem do condomínio. Tudo está nos conformes. As vezes troco uma palavra com o Maurílio, porque ele é que nem uma coruja, acho que você percebeu, fica acordado praticamente a noite toda e dorme de dia (deve ser por isso que fica tão enjoado quando eu perturbo ele pela manhã).
Eu não entendo porque você decidiu me visitar de madrugada, logo enquanto eu estava dormindo, nem sequer me avisou que viria. Se soubesse, teria esperado, procurado saber mais ao seu respeito, não teria me assustado ou nem mesmo ter me sentido ameaçada. Essas visitas noturnas não costumam acontecer comigo já tem um tempo, assim como os dias chuvosos que tinham dado uma trégua. Hoje, por uma ocasião distinta, provavelmente vai passar o dia chovendo e uma companhia cairia bem...
Quando menos esperei, adentrei a cozinha e senti sua gélida pele me tocar, confesso que me assustei e não quis acreditar que era você. Como poderia? De onde você surgiu? Como entrou? Foram algumas das perguntas que fiz rapidamente, ao mesmo tempo em que era feita de sua refém. Tentei proteger meu fiel amigo de seus ataques e do nada você sumiu da minha frente, como se fosse um mago, com aquelas mágicas estranhas que se vê na TV e pouco se acredita. Mas aconteceu! Do nada você se foi e eu acreditei que estava tudo bem. Voltei aos meus aposentos e consegui pegar num sono novamente. Logo que acordei e liguei a TV para assistir o jornal, seu corpo estava estendido perto do tapete da sala. Que cruel, não entendi muito bem aquela cena, se foi um homicídio, um acidente ou um mal súbito seu (descarto qualquer tentativa de suicídio). Foi um fim trágico pra uma vida tão jovem, num dia cinza e chuvoso, ao mesmo tempo que me fez pensar o quanto somos tão frágeis mesmo que pequenos ou grandes.
É isso, pequena rãzinha, valeu pelo susto. Descanse em paz.
Assinado, Joice.
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