Para o último contato que bloqueei
Essa carta é pra você, que já bloqueei de todas as formas de contato que poderíamos ter e consequentemente talvez nunca vai ler o que eu escrevi.
Ultimamente não tenho tido motivos para relembrar do passado, mas vez ou outra algo me faz lembrar de você, seja pessoas próximas ou um solo de bateria. Eu não tenho nada contra lembranças, desde que elas sejam boas e as que eu normalmente tenho quando algo é ligado à você, não sinto energias muito positivas... Eu lembro quando te vi pela primeira vez e meu alvo não era você, mas alguém bem próximo a ti. Sabe aquela situação que você "atira no que vê, acerta no que não vê"? Foi isso que aconteceu e do nada eu te conheci.
Como eu sou a Joice, vieram todos os contras em uma pessoa só: traumas de relacionamento passado, prática de desapego, curtição, encontros unicamente a dois e nada de exposição, porque não queria comprometimento algum e no ritmo que minha vida estava, não era nada mal. Mas vez ou outra eu me pegava pensando em como as coisas poderiam ser mais legais se fossem diferentes. Diferentemente melhores, mais que aquilo que estávamos vivendo, algo além da cama e dos encontros às escondidas e cá pra nós, por que às escondidas? Eu e você éramos pessoas livres, solteiras, por que não tomar um sorvete ao ar livre? Por quê?
Eu ficava me perguntando sobre isso algumas vezes e as vezes pensando também na minha parcela de ter ocasionado tudo isso, porque naquele momento eu tava em um momento de aproveitar minha vida, já que toda e qualquer pessoa que eu conhecia não queria nada sério (não comigo, né kkk). Eu ficava até me perguntando que problema eu tinha, mas nem me prolongava com esse interrogatório porque eu fazia terapia constantemente e me sentia estável nessas situações, a ponto de saber interromper algo que não me fazia bem. E foi o que eu fiz com você, em um momento específico do nosso "relacionamento". Eu coloco entre aspas porque qualquer outra pessoa poderia chamar de rolo, curtição, pegação ou um passatempo, mas como uma boa pessoa tratada há quase 10 anos por psicólogos e psiquiatras, eu falo relacionamento mesmo kkkk
Fomos duas pessoas que aproveitaram o tempo que tivemos uma com a outra de uma maneira saudável e eu lembro que te pedi pra me chamar de "minha namorada" no nosso primeiro encontro, porque eu já tava há quase 2 anos sem relacionamento sério com alguém e sua voz era tão serena que era gostoso de ouvir, mesmo que eu nunca fosse ser isso pra você. Decidi por mim mesma me afastar de você por uma situação de desequilíbrio sua. Realmente não gosto quem me tira da minha estabilidade mental, porque lutei e ainda luto constantemente para ficar bem comigo mesma, sem culpa, sem perturbações mentais e quando alguém mexe com minha autoconfiança é batata eu questionar se essa pessoa me traz benefícios ou não.
Devo lembrar também dos tempos depois que você entrou em contato com aquele papo de "oi sumida"? kkkk Eu percebi uma coisa que não só eu sou "vítima", mas N outras mulheres também. Quando nos sentimos sós, qualquer sinal de interesse nos desperta uma esperança de que algo possa ser diferente da má experiência que ocorreu anteriormente, e mais uma vez quando você apareceu lá em meados de 2020 pré-pandemia, me senti instigada a te encontrar de novo, mas meus remédios me ajudaram mais uma vez, psicóloga e psiquiatra também. Meu Deus, eu sou muito sortuda por ter como buscar ajuda e me abrirem os braços para eu não fazer merda!
Acho que mulher nenhuma precisa catar migalhas que os homens jogam por quererem satisfazer suas carências sexuais. Querendo ou não, mulheres que pensam em um dia ter um relacionamento sério para poder constituir uma família (com filhos, sem filhos, whatever) em algum momento vão pensar "e se fosse ele?", "e se fosse além do casual?", fora aqueles outros pensamentos que eu mesma já cheguei a pensar no meu relacionamento atual e que talvez nunca aconteçam porque meu namorado infelizmente não é disso: ir ao parque num fim de semana qualquer, ir a cafés todos os meses, maratonar filmes do Oscar, tirar fotos minhas por pura admiração, ter um jantarzinho romântico na mesa da sala de casa, ver um show no Youtube bebendo umas cervejas ou se deitar no chão olhando pro teto e do nada perceber que aquele silêncio todo é confortável, porque nós dois nos bastamos.
A maioria das mulheres pensam isso, e eu cheguei a pensar nisso incluindo você. Mas você não era pra mim ou não queria aquilo comigo, eu vi que não valia a pena pensar aquilo tudo com você e relutei pra apagar esses pensamentos. Me distanciei e vez ou outra você vinha à minha mente, infelizmente. E fui te bloqueando de todo contato que eu poderia ter, até o último contato direto. Não gosto de lembrar que fracassei comigo, que gastei pensamentos preciosos com quem não pensava a mesma coisa pra sua vida e nem pra fazer algo comigo. Você gosta de fotografias, você fotografa e eu pensava muito nisso em específico. Pensava em você me fotografando em qualquer lugar que fosse, num alto de um prédio, numa escada de emergência, tomando um sorvete, segurando sua mão ou correndo na praia (Deus é tão bom que o porteiro acabou de bater na porta pra me acordar desse devaneio).
Eu desejo do fundo do meu coração que você esteja bem, indo às terapias como você disse que estava indo, se cuidando e trabalhando bem essa questão de dependência/carência que você tem das pessoas. Enquanto você esteve comigo, em momento algum demonstrou esses sentimentos, então é difícil acreditar que você é assim, que tá tratando disso. Não dependa de ninguém, se desprenda do que pode não te suprir, do que não soma com você. Eu fiz isso com você, por isso eu sumi, por isso eu tô escrevendo isso e deixando pra sempre você perdido em várias lembranças que com o tempo vão deixando de existir na minha cabeça.
Boa sorte.
Que profunda reflexão Joice
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