Realidades
Começo esse texto sem um título, isso não é muito comum quando vou escrever. Na maioria das vezes eu escrevo o título porque já sei exatamente o que vou falar. Mas hoje não.
Hoje gostaria de dizer que é difícil ser uma pessoa que acorda em dias tempestuosos em pleno sol escaldante de Fortaleza. Ontem quando estava esperando a minha vez na clínica psiquiátrica, inclinei minha cabeça pra ficar confortável na cadeira e vi o azul do céu, forte e radiante. Muitas coisas começaram a surgir na minha cabeça (a síndrome do pensamento acelerado adora aparecer nessas horas) e pensei no quanto a vida é um jogo de aventura misturado com estratégia misturado com emoção e terror; fases que você adquire experiências ao invés de moedas, porque no final é isso que vale pra você não ficar fudido na vida, a moeda é só pra você pagar conta e comer. Dinheiro não compra seu sossego, sua paz, sua saúde e sanidade mental (que pena). Foi ai que eu percebi que eu sou sortuda, de certa forma, por atualmente ter um médico que consegue me escutar, uma psicóloga que também me ouve e trata meus problemas com naturalidade e não como anormalidade (que a maioria das vezes, vejo dessa forma) e apesar de eu ainda ser um ser 99% anti social, ainda estou bem. A consciência ainda se perde meio ao tédio e vez ou outra baixo um aplicativo de relacionamento e após 2h passando dedo pra esquerda, a ficha cai que o problema não é esse. A vida online é uma merda a maioria do tempo e as vezes a realidade disso só vem depois que você tá lá vendo as fotos ridículas de homens oferecendo corpo sarado sem conteúdo na cabeça. Se essa é a realidade (vazia) que eu tenho que viver, infelizmente prefiro continuar sendo o que sou, careta como sou, depressiva como sou. Confesso que atualmente estou bem sozinha, seguindo minha carreira solo, mas vez ou outra bate a "fraqueza" e meu eu romântico e amorzinho sente falta de alguém por perto pra fazer cafuné, compartilhar a vida, ouvir umas músicas e fazer rolês aleatórios, quase sempre 0800 ou pra tomar sorvete. O que falta é alguém que encaixe, tanto nas qualidades como nos defeitos (cadê você, querido?). Maaaas, mais uma vez eu prefiro desviar desse assunto, lembrar que tudo são fases e que o recomendável é continuar os tratamentos químicos e terapêuticos. Continuar indo pra faculdade, dando o melhor de si em tudo que for fazer, sem pensar em reconhecimento porque cara, é a vida. Você querendo ou não, vai se dedicar 110% a algo ou alguém e nunca vai ter total reconhecimento do que faz, do esforço, das tentativas, do AMOR que você dedica, do tempo que você abdica pra se entregar àquilo ou àquela pessoa. Melhor que ficar com raiva é conformar-se com o que for notado, fazer o melhor porque essa é sua natureza, sua meta de vida, sua missão no mundo.
Vez ou outra eu penso dessa forma, que é melhor esquecer que total reconhecimento pelo melhor que se faz na vida é quase impossível, que deixar sua marca para outras pessoas aprenderem com você e com o que você faz é o melhor reconhecimento que você pode ganhar na vida. A questão de encontrar um amor pra viver e compartilhar dos momentos é praticamente igual: você conhece alguém e com a liquidez que existe hoje em dia, o melhor que você pode fazer é ser você mesmo e mostrar do que é capaz, o que você sente, sem esperar nada em troca. É difícil? Sim, as vezes muito, as vezes pouco, mas é uma realidade da atualidade do mundo. Nós, os problemas, algumas fugas dos problemas, a busca pelo equilíbrio (que as vezes trazem remédios que nos fazem dependentes) e torcendo muito, vamos chegar ao sucesso. Semana passada eu me senti mal, foi muita sorte ter consulta agendada pra ontem, foi sorte minha mãe ter vindo, foi sorte ter saído pra espairecer e foi sorte ter conhecido alguém legal pra conversar.
Falando nisso, de ter conhecido alguém legal pra conversar, eu preciso deixar uma realidade muito dolorosa registrada aqui: Quando você conhece alguém legal, nem sempre as coisas vão dar certo como sua cabeça mentaliza, mesmo que você faça de tudo pra que isso aconteça. Eu, por exemplo, conheci o Ito e ele é uma pessoa que de longe, é uma das que eu mais me identifiquei nos últimos tempos. Fiquei feliz por conhecê-lo e saber que ainda existem pessoas na Terra que me agradam com sua natureza, mesmo que existam problemas (fodam-se os problemas). O engraçado é que os problemas dele se encaixam nos meus, coisa que nunca aconteceu antes comigo. Entretanto, as coisas não funcionam do jeito que eu quero simplesmente por eu achar isso. Existe todo um alicerce a ser construído pra que as coisas continuem acontecendo, inclusive a continuação de uma conversa (uma SIMPLES continuação de conversa) e mais que isso, a vontade da outra parte. Conquista (em amizade, emprego, relação, etc) não é algo fácil, que vem da noite pro dia e eu, como anormal, estranha que sou, tenho que deixar bem claro aqui que por mais que você tente, dê o gás, faça orações e promessas, as vezes não vai dar certo. Desestimulante saber que pode não dar certo? Dá vontade de tocar o foda-se e não ligar pra mais ninguém. O que eu tenho a acrescentar é: Vai sempre existir um "oi, tudo bem?" que vai fazer a diferença no seu dia, mesmo que seja de alguém que nunca mais tinha falado com você, ou de alguém que você nunca esperou que falasse! Hoje a tarde recebi um desses e nossa, foi revigorante, foi como se eu tivesse tomado um anti depressivo natural (queria ter abraçado a pessoa, inclusive, mas ia ser muito estranho...).
Algumas realidades foram ditas aqui e eu me responsabilizo por cada uma delas. Qualquer dúvida sobre algo citado, deixe seu comentário que irei responder com enorme carinho. A caminhada é árdua, meu caro. Força que a gente consegue.
Assinado: Joice.
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