Planos
O que é a vida, se não planos? Me perguntei isso esses dias. Fico me perguntando se outras pessoas tem esse mesmo pensamento que eu tenho, porque se você vive a vida no modo automático (como eu já vivi), a vida não faz sentido. Não faz sentido nem continuar vivo...
Particularmente, tenho um caderninho que organizo todos os afazeres semanais e mensais que tenho pra fazer, no começo achei que pudesse ser suficiente pra organizar os planos, objetivos e todos esses afins que fazem com que meu "acordar" valha a pena. Mas hoje, numa quinta, não fiz nem metade do que deveria fazer (segundo meus planos) pra semana toda.
Alguém poderia me dizer o mesmo, pra eu me sentir menos culpada. Seria uma grande gentileza...
O céu tá um tanto lotado de nuvens lá fora, mas ainda dá pra ver o anil que tem acima de todo o aglomerado de algodão. Por um momento, vejo que o existir de cada um pode ser projetado como um gráfico de setas em um plano cartesiano (até nisso tem "plano"), que ora cresce e ora cai. Uma hora a gente consegue prever quando a queda está por vir, outra hora não, é do nada mesmo e você que se segure pra não se arrebentar. Quem pode nos salvar de tudo isso? Existe salvação?
Você liga o computador, tem uns 3 programas abertos com coisas pra fazer e não se sabe por onde começar. No navegador da internet, uma dezena de abas com comunicadores, redes sociais e artigos abertos. Uma caneca de café do lado, uma montanha de livros do outro (os quais não se sabe por qual começar a ler). Feriado. Obrigações e prazeres. Cabeça em desequilíbrio. Vento nas cortinas.
Tem prova semana que vem, tem início do curso de línguas, tem o aniversário do melhor amigo que é virtual, mesmo morando na mesma cidade. Tem tanta coisa, mas por onde começar?
Os planos que fazemos deveriam nos dar um norte; as obrigações que temos deveriam ser prazerosas pra não serem levadas como algo massante; os fones de ouvido poderiam não ter queimado de última hora, pra salvar tudo isso.
Nos meus 50m² eu penso muito, ando por cada cômodo como se parecesse algo grande, e ao mesmo tempo é pequeno; eu sinto que muitas das coisas que planejo farão sentido se forem realizadas, mas vez ou outra eu me sinto incapaz, quando escrevo tudo num papel e no final da semana vejo que não fiz tanto como gostaria. Eu, pessoa considerada "criativa", sem ideia, sem saber o que fazer ao mesmo tempo que tem mil e uma coisas pra serem feitas.
Já se sentiu assim?
Nessas horas, meus vizinhos de bloco adoram gritar e quem leva esse tipo de vida me intriga. Que fundamento tem a pessoa gritar pra ter ordem? Como obter ordem dentro de si, se nem gritando por dentro se consegue manter-se alinhado?
Se eu levasse esse assunto pra uma sessão de terapia, talvez rendesse bastante, afinal, estamos lá pra discutir essas coisas mesmo. Por outro lado, acho que teria coisas mais importantes a tratar, como os planos que tenho pra concretizar a curto, médio e longo prazo, sem enlouquecer minha cabeça ou deixar a taquicardia mais forte. No final das contas, pra tudo se tem um remédio, só não pra morte e como nós estamos vivos (por sorte? talvez), nada melhor que fazer essas horas disponíveis pra fazer algo produtivo, ou que pelo menos venha fazer sentido lá na frente.
Força pra nós, pra concretizar os planos escritos pra semana, pra na próxima semana ter mais planos pra escrever no papel, pra ter oxigênio disponível e veias ininterruptas pra planejar mais. E realizar mais.
*Musiquinha de hoje:
Assinado: Joice
Realizar é uma tarefa difícil. Não se sinta sozinha, eu por exemplo não fiz nada dos planos para o ano todo.
ResponderExcluirNovamente, obrigado pelo seu texto, espero que ele me ajude e aos outros leitores a continuar.
Obrigada pelo comentário e pela gentileza de fazer com que eu não me sinta só nisso (: força que a gente consegue.
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