Dor (3x)
Não sei se é a primeira vez que escrevo um texto com esse título (nem me dei o trabalho de procurar, cansada no momento), mas dor é o que eu tenho sentido já tem 1 mês, contadinho.
Meu nervo ciático tá inflamado já tem esse tempo todo, virei cadeira cativa do Antonio Prudente e tenho até pensado em ir pra outro hospital (pra variar de ares, né). A consulta com o cirurgião tava marcada pro dia 04/04 há quase 3 meses, mas ele entrou de férias e só volta em agosto, dia 02 (que é o dia da minha consulta). Até lá, vou continuar na mesma luta de todo dia, tomando analgésicos, anti-inflamatórios, tremendo as mãos (acho que por causa do tramadol), com desconforto nas costas e arrastando uma perna.
Eu não esperava sentir essa dor de novo. Lembro que quando completei 1 mês de cirurgia da coluna, eu senti essa mesma dor, e na mesma perna. Passaram-se algumas semanas, eu ainda tinha mania de ficar sempre deitada e a dor passou, talvez porque eu já tomava remédios para não ter complicações da cirurgia. Cá estou eu, 8 anos depois, sentindo a mesma dor. A música "Na sua estante" da Pitty se encaixa bem nesse momento, "ele estava aqui o tempo todo, só eu não vi", mas eu não quero pensar nisso agora, já que a dor se instalou, o que eu posso fazer é tratar ela como uma "nova acompanhante" e espero que temporária. Durante esse tempo, eu já fiz o que podia e o que não podia, tanto que meu corpo sentiu e a dor aumentou, então uma das lições que eu aprendi durante esse tempo foi: você tem limites, RESPEITE-OS! As vezes a gente quer dar uma de autossuficiente em tudo e eu sei que ultimamente várias pessoas tem pregado isso pela internet, mas a verdade é que todos nós temos um limite e não podemos fazer tudo em uma pessoa só e, claro, como o que se passa na internet se propaga feito fumaça, muitas pessoas tentam fazer o que não dá pra fazer sozinho, sozinho. E as consequências vêm, em algum momento elas vêm.
Eu tinha terapia essa semana e tava bem animada pra isso, cheia de coisas pra contar pra Sibele (incluindo a dor que eu tô sentindo), mas quando eu tava quase na parada de ônibus me ligaram dizendo que a Sibele adoeceu, então só vou ter terapia semana que vem. Pra ser bem sincera, precisava muito dela pra pedir uns conselhos, mesmo já sabendo o que vou fazer no final (sobre as coisas que eu ia pedir conselho). Ter um profissional pra me ajudar quando me sinto mal, quando tô indecisa, que acolhe minha ansiedade e meus medos com a intenção de me ajudar é muito importante pra mim. Sei que a Sibele não lê o que eu escrevo, mas estou desejando que ela melhore logo pra me atendeeer (brincadeira!) e pra poder falar com ela sobre meus problemas de adulta que não sabe dizer não.
Essa questão de dizer NÃO eu vejo que tá um pouco atrelada ao tentar ser autossuficiente o tempo todo. Eu acho que isso não se aplica a tudo na vida, a pessoa deve sim ter amor próprio e ter olhos bem abertos pra saber o que é certo e errado para si mesmo, mas não ficar nessa de "vou fazer tudo sozinha" e blablabla, etc e tal. Apesar de eu já ter feito muito isso, vejo que foi um erro meu dar conta de tudo sozinha, mas ao mesmo tempo me fez amadurecer as ideias, atitudes, ter tomadas de decisão e ter mais autonomia onde eu devia ter e não tive. Todo bem traz um mal e todo mal traz um bem, e a gente tem que lidar com as nossas escolhas.
Parei de escrever por um instante porque a mão tá tremendo e voltei pra 2018, quando tive uma forte crise da depressão e o médico não sabia qual remédio eu deveria tomar, e toda nova consulta ele passava um diferente. Minhas mãos tremiam por causa do novo medicamento e eu tinha uma bolinha pra ficar apertando, pra disfarçar que eu tava tremendo. Fora achar que eu era um pinscher naquele momento, eu tinha certeza que aqueles remédios não tavam servindo pra mim e não eram. Até achar um que realmente funcionasse, foram alguns meses. Outra lição que eu tiro da dor: continue tentando, persista quando algo for bom ou fizer bem pra você, quando isso te deixa em paz, mesmo que seja uma injeção na veia ou no glúteo.
O que eu jamais quero pensar, é que essa dor seja pra sempre, porque é um nervo que tá inflamado e isso mexe não só com minha perna, mas com meu corpo todo. Se por acaso for preciso fazer uma nova cirurgia (o que eu tô torcendo pra não acontecer), eu vou ter que correr esse risco mais uma vez, porque viver com dor é terrível, principalmente essa que oscila e quando você menos espera, ela aumenta. Por hoje as lições ficam por aqui, minha cabeça tá doendo desconfortavelmente e vou descansar.
Assinado, Joice.
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